Julho 2002

1 ano

Parte IV- A batalha do alho porro

Os estragos acumulam-se ao longo das semanas. Tuda a minha ” TO DO LIST” privada está já pendurada e acumulado dezenas de entradas. Contudo se a preguça e o lamber das feridas me paralisam, não consigo dizer não a fazer parte de mais desacatos. A semana foi uma espécie de vazio existencial, como uma ponte entre duas margens.
Tentativas de apanhar Sol e afins. Sábado à noite recatado embora as meninas estivessem cheias de folia. E o mexicano estava uma cantina.

J. fazia anos e fiz um pequeno estágio no que se antevia uma grande noite. Mas nunca me poderia passar pela cabeça que pelo terceiro ano consecutivo teria uma das melhores noites da minha vida, justamente na noite doida mais longo.
Ofereci o holy grall a J. e fomos ao chinês.

Logo Car. e a vianense Lia lideraram a quimera desde o Amial até Miragaia onde adquirimos aquelas belas armas de guerra chamadas Alhos Porros. Rapidamente eu A. J. e M. formamos uma falange capaz de trespassar qualquer moçoila mais engraçada, chegando mesmo a acatar as ordem de Car. qual Alexandre Magno. Lia sorria extasiada com os hábitos latinos e os nossos esforóos patéticos para levantar um balão mostraram-se realmente patéticos. Pareciamos canalha, mas foi realmente divertido.

A batalha durou e os heróis que arduamente se bateram não bateram em retirada antes do bailarico dar sinais do seu fim. N. e Jo. também não faltaram, já como reincidentes. Até Chi e JB vieram de rompante.

Quanto ao S.João só me resta esperar pelo próximo ano. Tou viciado.

Os danos causados foram imensos e a mente mostrou-se corrompida. Felizmente até deu para ver o amanhecer no Douro, ali bem por detrás do Voice num daqueles sítios secretos que a cidade tem. Foi refrescante e enternecedor.

De sílabas de letras de fonemas
se faz a escrita. Não se faz um verso
Tem de correr no corpo dos poemas
o sangue das artérias do universo.Cada palavra há-de ser um grito.
Um murmúrio um gemido uma erecção
que transporte do humano ao infinito
a dor o fogo a flor a vibração.

A Poesia é de mel ou de cicuta?
Quando um poeta se interroga e escuta
ouve ternura luta espanto ou espasmo?

Ouve como quiser seja o que for
fazer poemas é escrever amor
a poesia o que tem de ser é orgasmo.

José Carlos Ary dos Santos