Novembro 2003

(the Portuguese way)

João César das Neves


"Portugal fez tudo errado, mas correu tudo bem." Esta é a conclusão de um relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português. Havia até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e... falharam. Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano. Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno. Aliás, tem mesmo um só elemento: Portugal.


A Fundação Richard Zwentzerg (FRZ), que se tornou famosa no ano passado pelo estudo que fez dos "bananas da república", iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ procuraram isolar as razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo, naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de azelhice económica foram detectados em Portugal, um dos países que tinham também uma das mais elevadas dinâmicas de progresso. Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País Que Não Devia Ser Desenvolvido -O Sucesso Inesperado dos Incríveis Erros Económicos Portugueses." Num primeiro capítulo, o relatório documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar do forte crescimento que essas economias também registaram no período. Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução portuguesa foi também notável. Temos mais médicos por habitante que muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em 1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento. Actualmente e a esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no período.


O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes, sustentadas e sólidas do século XX. Ela só foi ultrapassada por um punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves dificuldades no Extremo Oriente. Portugal, pelo contrário, é membro activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um dos processos de desenvolvimento mais bem-sucedidos no mundo actual. Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação, Portugal, com as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas, deveria agora estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido. Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem dúvida, a educação. Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimentos semelhante às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode ter tido o desenvolvimento que teve. Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade económica e a estabilidade institucional.


Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo, segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária, omnipresente e bloqueante.


É óbvio que, com autoridades económicas deste calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser um país em forte desenvolvimento. Os cientistas da Fundação não escondem a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: "Como conseguiu Portugal, no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um tal nível de desenvolvimento? A resposta, simples, é que ninguém sabe. Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o País cresce mais um bocadinho." A única explicação adiantada pelo texto, mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação, engenho e "desenrascanço" do povo português. "No meio de condições que, para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável." O texto termina dizendo: "O que este povo não faria se tivesse uma estratégia certa?".

Estou algo atordoado por toda as alterações telúricas que me circundam. Resta-me estar com fé, que tudo se resolva da melhor forma.
Necessitava de um pequeno tempo para me escapulir de férias para me certificar que as alterações que me propus atingir, seguem no bom caminho, rumo à felicidade, à Terra Prometida. E tudo na companhia que desejo.

Viens avec moi je te veux dans mon lit
je raconte une histoire de fantasie

aimes-moi
pas du tout
aimes-moi trop
la fête de la passion ça me fais chaud

j’ai tattoué ton nom dans mon coeur
et la joie dans mes yeux quelle valeur
et demain, quand la lune se couchera
je me trouve dans tes bras

je suis perdu l’amour est nulle je ne peux pas sans toi
viens avec moi si tu reste la-bas je meurt pour toi

aimes-moi
pas du tout
aimes-moi trop
la fête de la passion ça me fais chaud

Faz um mês que me decidi a final e definitivamente a deixar de fumar. Faz um mês que estou limpo de nicotina e os outros milhares de substâncias viciantes, aromatizantes ou simplesmente tóxicos com que a Tabaqueira presenteia os seus junkies em embalagens de 20.
Estou surpreso com a facilidade com que me libertei neste início de desabituação tabagica. Afinal a ressaca foi curta e o meu auto-controle e meditação deram conta do recado em três tempos.
No Smoking!
Foi francamente simples, com alguma força de vontade, estímulos e umas pastilhas com nicotina de chuto de emergência. Creio que a chave para estar um mês sem fumar depois de 15 anos ininterruptos, a colheradas de alcatrão para os pulmões é mesmo a mentalização de que é ele (o vício), ou Eu. Nos últimos dois anos o meu descontrolo com o tabaco havia se agudizado bastante. O maço diário podia chegar aos três se fosse jantar e sair à noite e era-me inconcebível ir para a cama se não houvesse pelo menos um maço meio vazio. Era tempo de decidir mudar.

Optei por me sentir que não estava a deixar de fumar, mas sim que no dia que começa, eu juro a mim mesmo que durante o dia vou tentar não fumar. Afinal 24 horas não são muito tempo e é possível resistir nesse período cumprindo a promessa. Depois é outro dia e volto a tentar fazer nova promessa. E capaz de ser mais simples resistir emocionalmente, quando sentimos que nada do que nos impomos é definitivo e por conseguinte implica um esforço menos doloroso.

Nada como saber o que sinto hoje, estando já a sentir um corpo mais saudável e menos cansado ao fim do dia. As dores de cabeça estão mais raras apesar do meu consumo de café ter aumentado um pouco, rondando as seis chávenas de café diárias. Embora menos importante que saber que posso estatisticamente vir a viver mais anos de uma existência com mais qualidade, é com algum prazer que vejo que o dinheiro na carteira dura ao estilo das pilhas Duracell. Se as minhas contas estiverem correctas, posso pagar todos os anos uma viagem ao Brasil, e ainda sobrarem uns trocados um voo interno, que antes queimava defronte dos meus olhos.

O único dano colateral terá sido evidenciado pelos meus dentes. Agora estou quase sempre a ruminar uma pastilha elástica, mascando desenfreadamente num hábito de substituição nada estético, mas que é concerteza muito mais saudável. Prefiro ser um ruminante que uma doninha fedorenta morta.

Hoje estou orgulhoso de mim, consegui estar um mês sem fumar. Mas nada disto seria possivel sem o apoio da minha amada V, que sempre me incentivou e me deu tanto apoio. Obrigado.

Tenho pena por não dispor de um tempinho e disposição para aqui escrever.
Muita água passou debaixo da ponte, talvez mesmo um estilo dilúvio capaz de levar a ponte junto e sinto alguma pena por não retratar alguns esboços aqui. A minha vida está bastante diferente, sem dúvida para melhor, como se tivesse emigrado da Sibéria para o algures no trópico de Capricórnio, no intuito de deixar de sentir frio.

Creio que a única coisa que me faria falta agora seria mais uma horita diária de tempos livres para me dedicar a velhos sonhos, e talvez mesmo, sobrar algum tempo para escrever um conjunto de impressões quotidianas diariamente. Talvez as coisas mudem, e eu possa dispor de um enquadramento mais saudável, ou começar a gerir melhor o meu tempo e as minhas tarefas.

Exagerado

Amor da minha vida daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados
Na maternidade

Paixão cruel, desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras, minhas mancadas

Exagerado, jogado aos seus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado

Eu nunca mais vou respirar se você não me notar
Eu posso até morrer de fome se você não me amar
Que por você eu largo tudo
Vou mendigar, matar, roubar
Até nas coisas mais banais
Para mim, tudo ou nunca mais

Exagerado, jogado aos seus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado

Que por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo
Até as coisas mais banais
Para mim, tudo ou nunca mais

Exagerado, jogado aos seus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Jogado aos seus pés
Com mil rosas roubadas

Exagerado, eu adoro um amor inventado
Jogado aos seus pés, bem melhor
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado

Estou num estado lastimoso, em que o prazer mistura-se com um deambular frenetico da mente, bem para lá da memória e do estado da lógica, consumido num carrosel de amor e desejo eternos.

Mente e corpo vibram, vontando eu, um simples meliante, a ser um espírito pendular entre a minha cidade e a grande cidade.

Estou bastante feliz, até mesmo em absoluto êxtase. Infelizmente o tempo, esse fujão, some-se e tenho tido um workload que não me deixa ter muitas escapadelas.
Espero ter em breve o meu lar, doce lar devidamente cablado.