Setembro 22, 2003

A fatalidade nada fatal de sentir que um Destino mais forte me arrebatou para um patamar de luminosidade interna, deixa-me arrebatado, pensando que afinal talvez, tudo esteja escrito, que tudo tivesse um sentido que não nos cabe a nós perceber.

Mesmo quando nada parece estar no seu devido lugar, num amplo caos sem significados, até um bater de asas de uma borboleta, pode desencadear todas as metamorfoses e condicionar um caos que afinal se desmonta num emaranhado de traçados intencionais muito precisos.

Como se eu fosse levado para um sétimo céu abraçado a um anjo que me transporta de amplas asas, transbordando amor, sinto-me leve, quase incrédulo, como se tratasse de um sonho do qual não queremos acordar, rumo à luz. Afinal o Caos tinha a causalidade que escapava a nossa cegueira. Ou talvez a causalidade seja tão complexa que nós assusta pensar que exista uma razão, ou uma lógica por detrás dela, prefirindo acreditar num Caos anárquico.

Sentir que paira sobre mim uma benção muito rara, como que se todo o puzzle existencial se resolvesse quando se encontra aquela peça que faltava, ou que teimava em não encaixar naquele enigma. Por fim as cortinas abrem-se um pouco e deixam antever muitos mistérios, muitas formas escondidas, muitas vontades veladas, que agora à luz podemos olhar e tentar perceber.

Estou ainda embriagado por o mais puro dos néctares. O seu sabor escorre ainda lentamente pela minha boca, prendendo o meu pensamento nesse gosto profundo de prazer, plenitude e felicidade.

Estou a beber o néctar dos deuses num cálice trasbordante, capaz de saciar o insaciável, convicto de que nada mais necessito, além dessa ambrósia divina que me transporta ao Olimpo. Que mais posso desejar?