cavalo

Estava já acorrer o segundo quilometro da minha prova de corrida de eleição – a meia maratona do Porto, quando um passo de corrida mal medido no meio da multidão de corredores, fez-me pousar o pé num desnível da estrada. Logo nesse momento senti o pé a torcer e todo o meu corpo rodopiando em direcção ao chão. Como em câmara lenta vi o asfalto a vir ao meu encontro. Surpreso rebolei no chão com o que julgo ser a elegância de um pato enquanto ouvia alguns gritos de susto da vizinhança. Ali no asfalto maltratado, numa fracção de segundos avaliei os meus danos, sangue na mão (panico!), pernas e braços aparentam mexer, nenhuma pancada a não ser na anca. Ainda a quente no que julgo terem passado três segundos fiz o exame final e levantei-me. O pé esquerdo parecia latejar e a dor ainda não chegara ao cérebro, tinha sido torcido mas não sabia ainda até que ponto.

Dez minutos antes na reta da partida em que a multidão se acotovelava a espera do inicio da prova e os drones filmavam o mar de gente em pulgas por começar a correr, tagarelava com a a Coelho Corredora que tinha encontrado por acaso. Pensava com os meus botões que esta seria a minha sétima corrida naquele trajeto magnifico da minha querida cidade, e provavelmente o que eu estava pior preparado graças às pequena lesões, poucos treinos e maus tratos ao físico que tive nos últimos meses. Porém propus-me a acabar a corrida e visualizei a meta como o único desfecho dali a sensivelmente duas horas.

E passados dois quilómetros estava-me a levantar depois de ter rebolado na chão. Sabia que podia ter terminado ali a minha sétima meia maratona do Porto, assim como sabia que nos próximos dois minutos as dores chegariam. Pousei e pé no chão e não senti uma dor imediata típica das grandes lesões do tornozelo. E foi assim que numa fração de segundo optei por recomeçar a corrida sabendo que me esperariam ainda 19 quilómetros. Racionalmente seria uma loucura prosseguir mas emocionalmente não podia sequer considerar desistir logo ali no início. O meu chip estava em modo de finalizar a corrida.
Pé ante pé reatei a corrida, a um ritmo moderado. Manquejava ligeiramente. Absolutamente embriagado com o azar que calhara encarei que seria uma provação que só suportaria se as dores quando chegassem não fossem insuportáveis. Iria correr pelo menos até à ponte D.Luís. Afinal a minha hipótese de retorno a casa ficava só no Fluvial e por aquelas bandas só se circularia a pé até a meio da tarde.

E para muito espanto meu, apesar de sentir umas pontadas a dor não me incomodava a ponto de ter que parar. Fui preenchido por uma onda de entusiasmo e no momento H virei em direção da ribeira de Gaia, iria mesmo tentar terminar a corrida, a minha motivação era superior a minha inferioridade física temporária. A mente voava enquanto corria e a dor não invadia os meus pensamentos. Não sentia que iria agravar a lesão se insistisse em correr e assim foi. Quilometro após quilometro a um ritmo leve, verifiquei que a mão já não sangrava e estava simplesmente a deixar-me ir como corredor que sou.
Quando a meta já não estava longe as dores voltaram em especial no paralelo onde as passadas se tornaram mais dolorosas. A contra gosto tive que abrandar a passada momentaneamente e fazer uma caminhada para recuperar, mas a motivação já tinha tomado conta do meu corpo. Em breves dezenas de metros reatei a corrida e tal como acedi, logo que a dores voltassem em mais força passava a andar e logo que estas se esfumassem voltaria à corrida. E assim nessa pequena loucura senti a enorme satisfação de cruzar a meta de chegada na corrida mais difícil de sempre em que a minha resiliência e empenho me tinham levado a uma superação física, não em performance mas numa batalha mental contra a dor. E venci. Terminei a minha sétima meia apesar de todas as adversidades. Depois valeu-me o gelo e o Voltaren.

  • Na RTP2 está a dar um documentário sobre S.Tomé e Príncipe que me esta a deixar cheio de saudades e de uma vontade irresistível de voltar #
  • Acho que a Nike reforçou o seu impacto no segmento guna ao pôr atletas da corrida ao peso a calçar sapatilhas amarelo florescente. #fail #
  • Just completed a 23.71 km run – Very long test run to my new Asics Fundation 10 . http://t.co/6MFwkMRQ #RunKeeper #
  • On my father's arms http://t.co/9cxJ461p #
  • Dava-me uma coisinha má se acabavam as férias sem eu dar um mergulho no gélido atlântico das praias do norte. #
  • Pecado de fim de férias : um Irish Coffe de tamanho Jumbo! E nas próximas semanas vou ter que ralar estas extravagâncias calóricas #
  • Fim de férias refastelado na piscina. Há dúvidas? #
  • Just completed a 11.88 km run – Montes para que vos quero! . http://t.co/AyGWzUZG #RunKeeper #
  • Com uma overdose de ómega 3, vulgo sardinha assada, segue-se uma sesta uma corrida e mais logo uma super taça. #
  • O #benfica cada vez mais oferece grandes momentos de entretenimento circense! Obrigado LFV! #
  • Just completed a 7.17 km run – Arrancadas estoura cavalos. http://t.co/ios2ZEQR #RunKeeper #
  • Vítor Pereira se não existisse tinha que ser inventado. #

  • Parabéns Porto! Campeões mantém a raça de papar taças. E já são 70! #
  • Treino de corrida estilo mata-cavalos que não falta muito para a sportzone: 55m 30s para 10 km. Tirei um minuto e meio à minha melhor marca! #
  • Huston, yoko has landed #
  • ran 10.84 km
    http://go.nike.com/02lnd09k #
  • Sushi e bonecas. É o Verão. #
  • Soberba lasanha vegetariana! A minha maninha tem jeito. #
  • Portugal profundo em pleno Agosto emigrante. Só falta o Dino Meira #

Estar frenético e simultaneamente introspectivo é um dos estados de espírito que me ocorrem de tempos a tempos. A corrida de mata cavalos surge singularmente quando eu a menos espero, com fortes tendências para gravíssimas lesões.

Não esperava um fim-de-semana alucinante, mas a busca por um aconchego levou-me a iniciar uma ruta del bacalau nada própria para a minha sobejamente idade anciã. Durante a semana estive como um saltimbanco enlouquecido a tentar malabarismos complicados. Ter as três bolas no ar é já um karma que me persegue desde há anos e que tem resultado invariavelmente num fim de espectáculo lamentável com três bolas rolando no chão. Pior ainda, sentia um forte e inexplicável sentimento de que o céu me iria cair na cabeça – de algo realmente errado me escapava de controlo.

Nesta perspectiva desorientada nada melhor que mergulhar de cabeça e lançar-me as feras. Foi o que fiz, e pelo menos tive a fortuna do meu lado, acompanhado por companheiros de combate veteranos nas andanças boémias.

O núcleo duro club gourmet não me deixou saltar para o frenesim, e deu-me rapidamente um remédio pantagruélico eficaz. Quem diria que o Chease Cake de tangerina fosse semelhante ambrosia. A anestesia local foi administrada na perfeição com uma grande abundância de louras e ainda estávamos no Sábado de madrugada.

O dia seguinte não foi excepção, com requisições proibitivas, onde tive que optar por convites menos exigentes do ponto de vista emocional. Mas as surpresas ocorrem e vi-me levado para uma cave de boa memória, agora transformada em reduto gótico pós moderno, saído directamente do imaginário da raínha dos malditos. Não admira que o Imperador se oponha ao Louco, e o Diabo ande sempre perto da Roda da Fortuna.

Escrevo por motivos terapêuticos depois de um longo interregno, auto-imposto, ou exigível.
Para ser honesto sinto a falta de escrever e da vontade inequívoca de desperdiçar no éter alguns pensamentos de um espécie de diário, num desabafo ou numa corrente de ilusões sem fio-de-prumo.

Antes de mais imponho-me uma simples regra, ou melhor uma hipótese de cuja tese não vai ser possível encontrar qualquer resultado.
Trata-se de saber que ninguém me lerá, e que se isso eventualmente acontecer, estou-me borrifando para isso: não estou a escrever para ninguém, a não ser eu próprio.

Este mecanismo online estimula a vontade com que matraqueio o teclado a horas quase sempre impróprias, e permite-me alguns momentos de desabafo, tal como já escrevi – de forma terapêutica, para apaziguar alguns estertores da mente e da psique.
Não quero fazer um auto-retrato escrito, não tão pouco me carpir de uma existência de meliante melindrado com as adversidades da vida. Também não quero criar uma espécie de anfetamina egocêntrica para masturbação narcisistica de enredos e papeis ambíguos, ou de uma tipo de narrativa das aventuras de Sinbad, o marinheiro. Nada disso.
Quero tão-somente meditar, colocar uma verborreia que serve de paliativo do que alma precisa.
Como se a se a minha caldeira quisesse libertar vapor para não explodir. É só isso. Vapor saindo pela chaminé dando força às engrenagens mentais, fazendo funcionar um raciocínio ou expurgando uma lógica falaciosa. O vapor nada significa, afinal é apenas um subproduto, um efeito secundário dos cavalos de potência que a caldeira produz e que repassa é máquina a vapor fazendo-a mover-se.
Por isso neste diário ficará tão-somente o vapor, esse desperdócio de força que impede que o sistema se destrua com a sua própria energia criada.

Peaches & Kitten @celorico

Num volte de face de última hora, tudo se conjugou para que a dupla maravilha, eu e N. tratássemos de atender à chamada de mais um Kitten. Para mais-valia iríamos até um Portugal profundo para uns quantos concertos interessantes.

O festival CTB Dance sobe a égide da melhor cerveja do mundo era um destino crucial, mas revelou-se algo perturbadormente provinciano. Sem apelo nem agravo logo à chegada trataram-nos como vacas encaminhando-nos para um sector onde nos colocaram umas pulseiras com anilhas numa espécie de curral. Será que as organizações destes eventos classificam o seu publico como gado?
Creio que sim. A única tenda que me intereesava era a eletro-clash e supresa das supresas: era a mais pequena!

Rapidamente penetramos na mufla atraves de uma porta giratória pois os Ladytron já actuavam. Algo bizarro, apesar da banda ser bastante profissional aquilo era uma barulheira insuportável. Rapidamente apercebi-me que afinal não seria a banda, mas não podia acreditar que um dito festival, com budget principesco andasse a meter no dito evento colunas arrebentadas e técnicos de som rascas que só sabem afinar os baixos para o DJ XL Garcia. Foi muito sofrível. Quando acabaram apenas houve um encore tímido, e era notória a frustração dos Ladytron.

A seguir seria uma tal Peaches e decidimos ver o que se passava ao lado. A única porta giratória, demorou a ser ultrapassada na enchente e tremi só de pensar o que representava aquilo se houvesse azar. Só um Cró-Magnon seria capaz de aprovar aquilo para recinto de concertos.
Ao lado as tendas gigantescas estavam ainda obviamente às moscas, mas notava-se o mesmo efeito: o som era bastante mau.

De volta à nossa tenda para o tal concerto da Peaches. Colossal, frenético, animalesco, a mais perfeita simbiose entre e eletro e o punk, na força da Natureza encarnada numa mulher. A canadense Gonzales, que segundo algumas fontes é uma ex-prostituta, possui o público numa performance que tornaria Marilyn Manson, um palhaço para entreter meninos do coro de 9 anos.
Vestido-se tão rapidamente como se despia, saltando para o público e pedido comida, ao mesmo tempo que cantava algumas das mas emblemáticas canções eletro clash. Fiquei fã incondicional daquela artista tão exótica quanto excêntrica que fazia uso da sua sexualidade exuberante sem contudo chegar a um ponto de hard core. Um imaginário soft core (de mau gosto apenas), mas absolutamente genial. Pena é que pelo meio a Peaches tenha partido os suportes das agulhas, quando se atirou e se sentou na mesa, uma vez que os cretinos dos técnicos tinham já colocado os pratos do Kitten ali à mão de semear. Foi o ponto alto da história.

Depois o DJ Kitten aka João Vieira lá apareceu, agora com a simbologia Kellogs special K num fundo da Paramount Pictures. Depois de 20 minutos de cabos para cá e para lá, os trogloditas dos técnicos lá conseguiram que uma das colunas desse algo de jeito enquanto a outra apenas dava uns estalozitos. Ouviu-se e dançou-se o que se pode, mas era algo triste pensar que um festival com tanta nota tenha equipamento de som de terceira e uns jeitosos como técnicos. Voltei cedo, pois a distância ainda era grande e o som estava deplorável.

Pelo menos ficou o aviso:
Dia 20 de Setembro temos Club Kitten no Sá da Bandeira, e segundo fontes credíveis, Kitten vai-se fazer acompanhar por mulheres de arromba (banda, modelos???) .
Não vou faltar!

versão brasileira original

Cinderela era uma moça muito bonita, boa, inteligente e triste. Os pais tinham morrido e ela morava num castelo. A dona do castelo era uma mulher muito má que tinha duas filhas: Anastácia e Genoveva. Borralheira, sozinha, fazia todos os serviços do enorme, castelo (limpava, cozinhava, passava a roupa, arrumava) e nada recebia em troca. Seus únicos amigos eram os ratinhos, os pássaros, um cavalo e um gato.
Certo dia, o mensageiro do Rei passou pela cidade e informou que ele convidava todas as moças para um baile, onde o Príncipe ia escolher a esposa.Genoveva e Anastácia brigaram, porque ambas queriam ser a esposa do Príncipe.
– Eu também posso ir? – perguntou Cinderela.
– Se tiver um vestido bonito e depois de acabar todo o serviço! – respondeu a dona do castelo.

Cinderela correu para o quarto, chorando, porque não tinha vestidos bonitos. Os ratinhos e os passarinhos, que ouviram a conversa, fizeram um vestido para a amiga.
No dia do baile, quando a moça entrou no quarto, depois de trabalhar o dia inteiro, ficou surpresa: Ah, que vestido lindo, feito pelos meus amiguinhos! Borralheira ficou feliz, porque, agora, também poderia ir a festa. Mas, quando chegou na sala, toda bonita, as duas irmãs invejosas pularam em cima dela e rasgaram o vestido.
Chorando muito, Borralheira recolheu os trapos, pôs tudo dentro de um saco e correu para o jardim.

De repente, apareceu uma luz muito brilhante que se transformou numa linda mulher.
– Eu sou sua fada-madrinha e vim ajudar você. Vou lhe fazer um vestido lindo e você poderá ir ao baile. Mas esteja de volta antes da meia-noite, quando tudo voltará o que era.
A fada tocou a varinha de condão em Borralheira, e ela surgiu num vestido multo bonito. Uma abóbora virou ,- carruagem; os ratinhos fogosos cavalos brancos; seus tamancos de madeira, ricos sapatinhos de cristal.
– Obrigada, minha boa fada-madrinha – disse Borralheira. – Até logo!

– Até logo! – respondeu a fada. Divirta-se, mas não se esqueça: o encanto acabar¡a à meia-noite!
Cinderela foi a moça mais bonita do baile. 0 Príncipe se apaixonou logo que a viu e dançou com ela a noite inteira.
Anastácia , Genoveva e a mãe ficaram furiosas.

Quando já ia bater a meia- noite, Borralheira saiu correndo, com medo de que o encanto se desfizesse na frente de todos.
O Príncipe correu atrás dela, mas não alcançou-a. Durante a fuga, Borralheira perdeu um dos sapatinhos de cristal na escadaria do palácio.
Como a bela moça não tinha tempo para voltar, deixou o sapatinho ela mesmo. Cinderela ainda estava na rua quando tudo voltou a ser como antes. Só o sapatinho de cristal não voltou a ser o velho tamanco de madeira.
Ah pensava ela, enquanto voltava para casa como o Príncipe é bom e bonito! Pena que eu nunca mais o verei de novo! Gostaria tanto que ele me escolhesse para sua noiva…

Enquanto isso, no castelo, o Príncipe achava o outro sapatinho de cristal. Como aquela moça era bonita e graciosa! – disse ele ao Rei. Mas eu nem sei o nome dela. A única pista que tenho é este sapatinho…
0 Rei, percebendo que o filho estava apaixonado, mandou que um criado experimentasse o sapatinho de cristal em todas as moças do reino. Era impossível que houvesse mais de uma moça com aquele pezinho tão delicado.
0 mensageiro levou muito tempo para descobrir a verdadeira dona do sapatinho, mas, finalmente, achou Cinderela.
– Que beleza! – exclamou ao ver que o calçado dava direitinho no pé da moça. – Encontrei quem o Príncipe queria!
Imaginem a inveja das donas do castelo quando Borralheira se casou com o Príncipe.

Reserva-me o direito de um fim-de-semana que me permitisse algum descanso e pacatez. Talvez conseguisse meditar e por em prática alguns ensinamentos. Mas nada disso sucedeu. Logo na sexta-feira descobri que ambicionava antes, e de forma ávida, toda e qualquer folia a que pudesse deitar as mãos, mesmo que, com resultados quase catastróficos.

Um jantar com Inspector P. e N. revelou-se um repasto revivalista e simultaneamente enternecedor, devidamente regado a um tinto único que me colocou em dois tempos na lista de quem tem lugar reservado no purgatório. Cheguei a casa já a chuva encobria um sol demasiado alto para que não me sentisse envergonhado, repetindo mentalmente que o meu juízo é algo exageradamente volátil.

Na pacatez da ressaca, vislumbramos que a euforia da noite anterior, serve de um merecido tubo de escape, mas que não perdoa em termos de desgaste de motor. O uso intensivo de aditivos na combustão pode causar danos à máquina que nem um mecânico credenciado possa reparar. Felizmente o Mestre fez-me uma visita para compensar a nostalgia de uma praia chuvosa, e trouxe-me a sua companhia sempre bem-vinda. Perdemos ainda alguns neurónios no nosso envolvente vício e pusemos o crochet em dia. A insistência da pluviosidade intermitente e o meu sono impediram qualquer sortida mais atrevida, ficando-me pelos ares costeiros meios desertos, numa pacata companhia de outros tempos.

Dormi até não poder mais e Domingo, nenhum dos meus planos se poderia concretizar, recheado de companhia, visitas, amizades, em ternos momentos de velocidade bem lenta, reflexivos e relaxantes, já sob um Sol generoso . O isolamento que me propunha não existiu, e muito provavelmente não voltarei a ter um espaço languido antes que o Verão vá a sepultar.

Estranho é assistir embevecido ao pequeno baby boom do meu circulo de amigos. Acho que os meus olhos brilharam varias vezes perante as lindas filhotas do Inspector P. e do Bi. Enternecem-me as crianças pequenas, creio que estou a desenvolver inconscientemente um instinto paternal exacerbado. Creio que o meu relógio biológico está-me a dizer que são horas de assentar, talvez tirar a sela do cavalo e vender o Colt, mais o cinturão de pistoleiro e as esporas da praxe das texanas. Talvez seja hora de cortejar aquela jovem moça de familia em vez das visitas às rameiras enrugadas do Salon, e criar uma família. Talvez seja mesmo chegado o tempo de arranjar a tal bonita casa na pradaria…
Ou talvez não. Talvez eu tenha que ser um pistoleiro veterano, deambulando entre um deserto de cactos e cascavéis até que uma bala com destino traçado me apanhe.

Por vezes é necessário parar para meditar sobre a nossa vida. Desde que me conheço fui capaz de analisar, mais tarde ou mais cedo, os passos que tenho dado e que necessito de dar na jornada da existência.

Durante estes últimos dias estou repleto de uma complexidade de emoções, confusões, dúvidas e receios. Sinto que os meus neurónios tropeçam e cambaleiam, a passo com um cérebro extenuado de perseguir uma solução inexistente.
A Vida não obedece a equações matemáticas nem pode ser objecto de causalidade. Um acto não implica necessariamente um acontecimento, uma causa nem sempre dá origem a um efeito. As experiências laboratoriais não serão reproduzidas fora de ambientes controlados, nem a distribuição da probabilidade de um acontecimento é consistente.
Por isso medimos a olho, seguimos instintos, e apoiamo-nos nas nossas experiências passadas para chegar decisões que necessitamos tomar. Não podemos seguir regras, formular hipóteses, extrapolar resultados.

Fermentado e fervendo, o meu cérebro está cansado de revolver toda uma série de encruzilhadas e questões com que me deperarei nas últimas semanas. Como já tem vindo a ser hábito ao longo dos últimos meses, a minha telenovela pessoal está num ponto de viragem do enredo com mais uma cambalhota alucinante. Mais uma vez sou o trapezista que se prepara para um triplo salto mortal invertido sem rede.

Por isso penso, intensamente peso os prós e contras, antecipo se a raínha vai tomar o bispo, ou se o cavalo vai atacar a torre. E se o meu peão defender antes o bispo? E se eu contra-atacar com o cavalo, ameaçando um xeque? Nunca existe a jogada perfeita, apenas a melhor jogada… ou a menos má.

Glória ou perdição a 300 quilómetros de distancia, numa noite que provavelmente não vai ter tréguas. Saio mais cedo e vou no 130 cavalos (menos alguns, que o raio do turbo-compressor necessita um arranjo caro) com N.. Nos planos queremos ir à grande cidade, recolher a S. e C. que regressam das suas férias africanas, para irmos jantar ao Tia Alice.

Depois é Club Kitten, e já se sabe, quando é Club Kitten tudo vale. A ver se as peripécias não serão demasiadas para uma noite…

consilio et animis

Não me posso queixar de aborrecimento ou tédio. Desde quarta-feira que não sei o que é ter um serão calmo, proporcionando uma aprazível longa noite de sono. Em grosso modo estou a sentir que este cavalo de corrida, ainda tem estamina para dar mais uma dezena de voltas ao hipódromo a todo-o-galope, e que afinal a prova pode não ser de velocidade mas sim de resistência.

Positivamente não estou letárgico ou, pelo contrário histérico, para sentir que a minha vida deveria permanecer calma.
Há alturas da vida que temos que nos desgastar, nem que seja por uma causa vã ou demasiado passageira, apenas porque sentimos que há a necessidade de aproveitar os momentos tal qual eles esbarram contra nós.

Quarta-feira, as celebrações com I., quinta-feira estive com P. na Ribeira. Sexta-feira jantei com N. num restaurante a imitar fracamente a gastronomia e restauração da terra da Vera Cruz. Mais tarde, e já com algumas saudosas caipirinhas fomos até ao rio, onde encontramos as J.s num sitio chamado Zoo. I. cortou-se, o que me irritou um pouco, talvez por não ter mais paciência. O resto da noite foi bastante comprida, e acabou no talho a abarrotar de gente, e eu já devidamente encopado.

Sábado foi um dia sisudo, tentando descansar, mas a noite levou-me ao Matrix Reloded com N. J. e I. Para não ser escasso o meu tempo, larguei a brigada do reumático e segui, apesar de exausto, para uma sessão de D´n´B com o Bricolage no H.C. onde dancei e trotei até tarde. Ver a Invicta daquele ponto de vista sobranceiro ao Douro, bem do lado oposto, é um dos quadros mais perfeitos de luz e enredo de formas de uma cidade que sobe uma encosta e se reflecte no Rio. Que parvoíce tentarem colocar umas pseudo-docas lá.
Para carimbar a noite em grande só mesmo vencer as estatísticas e ter que bufar ao balão, algo que eu nunca tinha feito antes. resultado: 0,00! (se fossem 24 horas antes, nem o meu poderosíssimo anjo-da-guarda me valia…)

Last but not leastt, Domingo foi tempo de Sol, e de assistir às contabilidades do Inspector P. sobre a sua viagem à abençoada cidade de Sevilha. À noite, apesar dos abalos sísmicos que as minhas pestanas produziam, foi com todo prazer que me reencontrei com a minha mana, que já não via desde o Natal. Com R., F. e Chi. foi uma conversa de recordação, bastante animada, falando do Passado mas também no Futuro, das pequenas e grandes coisas singelas da vida.

E é assim que eu tenho deixado algumas horas por dormir. Afinal posso dormir tudo o que quiser quando estiver 7 palmos debaixo de terra…

Parte III – Perdendo o Clube Kitten@Lux

Uma das noites mais especiais dos últimos anos, em termos de diversão noctívaga e andamento, foi sem dúvida a minha ida em Março até à grande cidade, qual groupie , para atender a dois conceitos de andamento nocturnos, que me são particularmente ternos: o Lux e o Clube Kitten.

Fiquei triste por saber que dia 25 de Abril o Clube Kitten@Lux volta ao seu esplendor, justamente numa data que eu vou estar a dar uma de búzio, nessa amada terra distante. Será por uma boa causa. Acho que me vou conseguir perdoar.

Ontem, foi mais uma noite de aeroporto. Confesso que estou muito chegado aquela gente, conjunto de alienados e cavalos de corrida. E ainda mais aquelas lindas mulheres. Por momentos preferia ter uma vida mais fútil, como alguém ligado à aviação e aeroportos. É vida dura, mais tem muito glamour e mais-valias interessantes. É a vida… Não se pode ter tudo.

Esta minha fase de cavalo de corrida exige que eu não pare, mesmo que isso signifique que a exaustão me possa ser fatal.
No fim-de-semana passado as coisas tomaram proporções de corrida a galope desalmado, com três noites seguidas. Três jantares soberbos, dois deles nos meus dois restaurantes de eleição, em companhias brilhantes e até sedutoras. N. fez a mesma rota do bacalhau.

Mas a piece de resistence foi mesmo o Kitten no Triplex, ao qual não podia resistir a faltar.

O Clube Kitten permanece inqualificável e sedutor, continuando a ser a melhor noite do Porto, apesar de já estar a dar sinais de pura decadência em termos de ambiente. Há já algumas almas menos nobres que não podem desculpa quando nos pisam ou dão algum encontrão.
Apesar disso a música continua a ser perfeita e i núcleo duro do Clube Kitten encantador, as duas únicas razões porque se atura o sentimento claustrofobico minúsculo do Triplex.

Dividido em três frentes, em três noites o meu coração matraqueia pulsações desincopadas, e galopo desenfreado, pois afinal não posso parar e a meta ainda vem longe.