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Durante os longo períodos que não escrevo aqui sinto que muito fica por dizer. E o que me custa mais é à medida que os iatos de tempo crescem, mais custoso é voltar a escrever algo que eu julgue digno de ser aqui colocado. É um ciclo vicioso que preciso quebrar, ainda mais que a escrita, por muito pequena que seja é um processo catártico e que estimula a massa cinzenta para que esta não atrofie.

Ganhando coragem e empenho, assim como na forma como corro e nado quero fazer destes três prismas dos meus hobbies, um conjunto de bons hábitos para uma mente sana e para que eu me mantenha capaz de manter criativo e no fundo vivo.

Posso até perdido muita da dinâmica e da pujança criativa e intelectual da juventude, que a bem da verdade desperdicei em teias e desvarios, mas quero na minha maturidade desenvolver ao máximo o que ainda me resta de músculos e capacidade dos miolos.

Impossível é nada, e esse deve ser o meu moto, cair e levantar, perder e voltar a jogar. Ao fim de contas não se pode perder sempre não é?

No rescaldo das eleições autárquicas fico com a noção que a democracia tal como a entendemos desde o 25 de Abril chegou a um momento de profunda degeneração e desarticulação.

A descrença na classe politica e da tal partidocracia,  ou seja desses clubes de tachistas, compadrios e associações semi-criminosas,  chamados partidos políticos,  atingiu tal nível que os votos nulos e brancos duplicaram.    Isto porque tudo somado as opções partidárias capazes de governar são do estilo da Coca-cola versus Pepsi-cola: ambas fazem mal à saúde, são um combinado de açucares e corantes e vivem à custa de publicidade para venderem o seu equivoco.

Eu cá vou começar a  preferir água da torneira.

Num desabafo rápido só quero apontar que realmente neste jardim à beira-mar plantado vivemos dias muito semelhantes à queda da Primeira República, em que políticos medíocres envolvidos em guerras palacianas afundavam o país numa profunda crise económica e social.

Sem dois dedos na testa alguns esticam a corda bamba da crise com piruetas ansiando por poder, enquanto outros igualmente desmiolados impõe regras de  interpretação dúbia e impraticáveis. Só não entendem que estendem o tapete à descrença na democracia. Um Salazar disfarçado de D.Sebastião  arrisca-se a tomar conta disto não tarda nada.

Um Povo Resignado e Dois Partidos sem Ideias

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.

Guerra Junqueiro, in ‘Pátria (1896)

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Estou a ler novamente Henry Miller. Nunca um escritor me deu simultaneamente tanto prazer e repulsa nos seus textos efervescentes de vida.

Um dos problemas da leitura deste deus da literatura é que não se pode ficar indiferente à corrupção da mente e holocausto da banalidades que nos são introduzidas página após página. Miller consegue transmitir o ódio à hipocrisia da sociedade e semear um sentimento de rebeldia visceral até num cordeiro como eu. 

Trópico de Câncer está ainda mais pesado para a minha mente que o poderoso estalo que recebi com Trópico de Capricórnio,  deixando a nu uma Humanidade deprimente e sempre deixando a sexualidade cavalgar desenfreada. E tudo num cenário de crise da Grande depressão, o que me recorda que nas alturas de crise se transcendem os limites da da bondade assim como da maldade dos homens. As revoluções nascem da miséria assim como a fome e o desespero são os catalisadores das mudanças mais radicais e profundas.

Sou todos os dias horrivelmente torturado por um rádio do escritório onde a sintonia esta encravada na Rádio Comercial. Nada se pode comparar a um play list tão deplorável e de tão mau gosto. E pior, o orçamento não deve dar para mais de 30 músicas que se repetem todos os dias quase a mesma hora.  

Nada me afecta mais os ouvidos como ouvir pela 10ª vez na semana o grande hit músical dos anos 80 ´I want to know what love is a ponto de me dar um profundo mal estar. Acho que preferia estar a 10 metros de uma betoneira sem tampões nos ouvidos!

Saber de antemão que a vida muda radicalmente numa determinada etapa da nossa vida é importante, mesmo que não tenhamos consciência da forma telúrica com que essa alteração nos afecta.

A passagem para uma nova fase da minha vida está a ser um mar de descobertas e entusiasmos nunca antes previstos. Até o que de antemão se afigurava como um processo potencialmente desconcertante e exigente psicologicamente foi antes um conjunto de realizações pessoais reconfortantes e uma aprendizagem impagável sobre mim próprio.

Hoje, mais que nunca estou plenamente convicto que para sermos capazes de Viver é necessário sentir na pele quer o êxtase da felicidade mais pura e o desespero da descida ao mais fundo dos infernos. Só assim somos capazes de encontar no nosso intimo a veracidade dos sentimentos e saber a sua importância e o seu realismo. E nos momentos em que surge uma ansiedade e se coloca um novo marco, fica nas nossa veias a sensação que a existência tem um novo significado maravilhoso

Um milagre. Apenas e só : e que por questão de fé não é necessário desenterrar nenhum dos porquês de tanta felicidade- eles estão estampados num sorriso.

Podemos muitas vezes esquecer-nos de como a vida é um conjunto emaranhado de momentos. Momentos sem consonância se os enquadrarmos isoladamente, se os remexermos apenas cronologicamente na nossa memória.

Por vezes dou-me conta de que situações aparentemente despropositadas acabam por se tornar peças de um grande puzzle, que isoladamente nada representam a não ser um quebra-cabeças. Mas se tivermos a boa-ventura de sobreviver muitos obstáculos afinal estamos apenas perante mais uma peça da engrenagem que vai funcionar perfeitamente no fim.

Tenho vivido muito quebra-cabeças cujas soluções só se encontram quando chegou a vez de serem solucionadas, e é importante relembrar-me que o puzzle que é a vida é um conjunto de peças que se têm que juntar. Mais tarde ou mais cedo.

Numa ocasião única voltei ao Coliseu da minha cidade para admirar a belíssima música de Marisa Monte. Com a leoa, a maninha e o cunhado, devidamente instalados nuns belos lugares, mesmo com um acesso de febre misteriosa pude apreciar um dos mais belos concertos a que já assisti, não só pela beleza melódica, mas também pela estética do espectáculo.

Eu apreciei muito os trabalhos “Universo ao Meu Redor” e “Infinito Particular” da Marisa Monte e perder o tour “Universo Particular” na minha cidade ia ser indesculpável. A cantora é de facto uma musa da música brasileira e a sua ausência dos palcos para abraçar a maternidade desde os Tribalistas veio realçar a sua genialidade sincera.

A forma sóbria mas particularmente bela com que o espectáculo começa dá um carisma extra à música já de si profunda e melodiosa. O palco estava montado como um pequeno altar onde a santa altaneira era circundada a níveis inferiores pelos anjos-músicos, dando um forte impacto mas simultaneamente parecendo de um enorme equilíbrio.

As música sucediam-se, carregadas do bom gosto da interprete e compositora é acompanhada por painéis luminosos e outros efeitos simples e harmoniosos. Mais que a música que eu adoro, este concerto ficou-me não só no ouvido como na retina devido à sua beleza, que só pecou pelo excesso de profissionalismo da Marisa.

Apesar de incorrer no pecado de utilizar chavões estereotipados, não deixo de afirmar que a experiência da vida é uma aventura que só se atinge o objectivo, passando por um longo percurso de tentativas e erros. Erros esses que nos fazem aprender, a melhorar, a ser mais lúcidos e maduros.

Bater com a cara na porta e uma lição que dói, mas é uma lição necessária. Sem o erro, o logro, o insucesso, não somos capazes de acordar do país dos contos de fadas e procurar na profundidade do nosso ser o melhoramento e o rejuvenescimento necessários para que não nos tornemos em algo de oco.

Nem tudo são rosas, mas também, nem tudo são espinhos. Por cada prova de obstáculos, vislumbra-se uma meta e um pódio que nos aguardam. E por essa meta, onde todos que a cruzam têm medalha, vale a pena correr.

Nada como um péssimo despertar, uma boa pitada de insónias recorrentes e um desejo profundo de deixar os pensamentos fluírem desordenados para limpar a mente. Suponho que os ciclos de vida quotidiana seguem a malfadada piada dos interruptores: umas vezes para cima, outras vezes para baixo. Para contrariar isso, desliga-se o telemóvel, presenteamo-nos com uma boa sessão de exercício masoquista, seguido de um bom banho de imersão, acende-se um incenso e metemos alguma música particularmente intimista no iPod. Melhor que uma dose cavalar de Valium!

Aquela bela sonata ainda ecoava na minha mente, mas nada me demoveria de estar absorvido em outros horizontes. Os meus pensamentos não acompanhavam a melodia que o piano acabara de expelir. Continuava a fixar o horizonte longínquo, como se um pedaço da minha alma estivesse perdido na imensidão desta distância.
Estava lá longe, no outro lado do oceano, onde as vagas e ondas do mar se fundiam no azul plano da ilusão da esfericidade da terra e bem onde a vista não alcança. Era lá que focava a minha mente e olhar, resignado e triste.

Sonhos Urbanos

No meio da depressão económica e social que o meu país se encontra, começo a encarar que viver em Portugal não será propriamente algo que se encare de ânimo leve. Isto porque temos opções de viver onde muito bem entendamos. Cabe a um pessoa inteligente decifrar se o país em que se encontra, mesmo que seja o país natal, é ou não o local ideal para passar o resto da sua vida. Actualmente não me parece que esse seja o caso.

O meu país tornou-se um patético postal ilustrado, onde as instituições e o próprio estado apenas funcionam na aparência. Tudo o resto parece um enorme fogo-de-vista para inglês ver onde na verdade se vive acima das possibilidades e se gasta o que não se tem.

Tenho pena que o meu imaginário patriótico tenha caído ao chão. Não há mais paciência para suportar todas as opções erradas que se fazem na roda política e empresarial, ao mesmo tem que existe uma inanição total de cidadania e até de civismo dos portugueses. Não há descontentes, excepto quando se trata na possibilidade de se vir a trabalhar mais.

Não admira portanto que quem tem capacidade de iniciativa esteja a equacionar emigrar ou até já tenha dado o salto.

É caso para escrever:

o último a sair que feche a porta!