Setembro 2001

Dia estranho e chuvoso.
Sem muito a dizer pois estou cansado

forma subtil ou algo estranha ?
Nunca sei.
Apenas sei que estou algo confuso.
Algo perdido.
É o tom cinza do céu…

Há sempre um pequeino espaço na nossa memória para o que já passou. Mesmo que o Passado não mude e já não exista a não ser nas nossas recordações, que é reavivado de vez em quando por lembras divertidas ou caricatas.

Mas como diz a expressão inglesa :Who cares???

Take some time to figure out the things that you can group together in your life and those that should stay entirely separate. Certain areas of personal interest overlap, but others are completely unrelated. When the Moon is in Aquarius, your eyes tend to glaze over at the description of someone’s hobby. Do what you’d rather be doing instead of just thinking about it. You aren’t under any orders to do anything that isn’t appealing to you in every way possible. Indulge one of your favorite senses tonight.

in Netscape Horoscopes

E ainda há quem se queixe… 🙂
M. telefonou agora e eu ainda estou na cave!

Ontem estive a ter uma conversa muito agradável depois do terrível desastre do FCP com a número três ou quatro do primo de N. . Era uma criatura bastante pacata que está a estudar na grande cidade e que defendia que vivemos na selva e que nada melhor que o Tibete para voltar a viver em vez de sobreviver.

N3 disse algo de interessante que não me podia bater com mais força: afinal nós é que nos acomodamos e não conseguimos aproveitar o tempo. Com um pouco de esforço podemos arranjar tempo para fazer tudo que queiramos (incluindo babar em frente à televisão num sofá entorta espinhas). Como desperdiçamos o tempo e não conseguimos descansar ou fazer aquilo que achamos prioridades é só um efeito da nossa postura passiva e pouco apaixonada face à vida.

Acho que tenho que tornar-me mais activo… mas talvez não precise de ir até a um mosteiro tibetano…

Ontem à hora do almoço vi o Quim Barreiros a passear na rua com a brasa da morena que anda.
O postal ia a palitar os dentes e ver aquele personagem caricata acho que me deu azar, qual ave de mau agouro

CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO CANSADO

N. veio até à grande cidade depois de uma semana a curtir a Madeira. A Ju. está de exames e ele lá anda só nas férias a aproveitar.
Fomos jantar até Alfama uma dourada no pão que estava uma delicia.
As minhas pernas é que já não aguentaram muito tempo no bar sem nome na Marina do irmão de N..
Hoje haverá mais e melhor espero.

Serão 120 horas que vão custar a passar.
Provavelmente as mais longas pois para além de estar cansado à partida, vai ser uma fase importante.
Onde estás tu velho amigo Prozac?
Abandonei-te há muitos anos…

A última viagem é sempre triste para os que ficam. As exéquias são dolorosas, um espectáculo macabro de encontro dos entes queridos, carpideiras e demais abutres. O Domingo foi triste e conversar com um octogenário agora viuvo após 53 anos de casamento enchardo em Victan dando palavras de conforto numa sala cheia de antiguidades, enquanto a cápsula de madeira descia em Agramonte, não e um cenário que se deseje a ninguém.

Quando chegar a minha vez de ir em direcção à Luz quero ser cremado ao som das Valquirias de Wagner e que as minhas cinzas sejam levadas pelo vento onde o Douro beija o Atlântico. A morte é apenas mais uma etapa do ciclo da vida, talvez mais soturno e misterioso para os ocidentais contemporâneos.

Recear a morte é mais cómodo do que a não temer …

Fazia já alguns tempo que não organizava um churrasco em minha casa. Anos talvez…
No sábado voltei a pegar n carvão e na grelha e convidei a trupe, que me encheu de alegria por aderir. J. e M. perderam-se e chegaram com horas de atraso. X. provou mais uma vez que é uma doceira nata e a K. esteve em perigo de não ir mas respondeu ao meu apelo. A. pecou com a carne e F. quis registar o momento.

A mana chegou um bocadinho tarde com o esposo e E. De forma geral correu bem mas não houve muita adesão à música de DJ Coelho nem às grades ou vinhos simpáticos que estavam à descrição. Pois é já não há pedal como antigamente. N. ainda apareceu pronto para a borga mas eu já estava a queimar os últimos cartuchos.

Estava mesmo a precisar de um momento destes.

OBRIGADO

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Hoje parece que o Carmo e a Trindade estãoa cair e estou a ter um dia de Bob… erh cão
Cansado mas aguerrido…

Hoje tive consciência de quanto o meu nível de percepção lógica e intuitiva se desenvolveu nos últimos meses. Tremo só de pensar quanto sou capaz de ler como um livro aberto as pessoas e os acontecimentos e desconstruir eventos e pensamentos de uma forma rápida e crua.

É como que uma maldição esta leitura, que ecoa rápida e fluida como nunca. Vejo um olhar e sinto o que encerra, vejo um sorriso e vejo se é falso ou verdadeiro, noto um gesto e deduzo se é um tique comprometedor ou um sinal de desconforto. Chego mesmo a medir alguém em poucos minutos e para meu sofrimento as suspeitas e a impressão do primeiro momento batem certo, quer sejam semanas ou meses depois. Mesmo assim aceito seus defeitos e as virtudes tentando não acreditar em tal certeza inicial buscando um pouco de prazer no conhecer passo a passo normal.

Creio que li demasiados livros da Agatha e do Sir Doyle na juventude, e a prática da dedução, conjecturas lógicas foi sempre uma obsessão. É um jogo das charadas descobrir os segredos que os outros nos escondem. Mas o detective só funciona com factos e indícios que apontam o suspeito e desvendam a forma como levou a cabo o assassínio. O poder de observação aguçado de repente faísca, o jogo fica perigoso, torna-se cruel. Não se apanham os culpados nem se faz um resumo da brilhante dedução até eliminar todos os sulpeitos menos um. Na grande cidade a introspecção explodiu o meu poder de observação e só vejo vidros transparentes. Está tudo à vista. E o pior é que parti o interruptor e não consigo desligar as antenas…

Muitas vezes é inexplicável a certeza com que ocorrem e cada vez mais são mais constantes. Tento ignora-los pois são muitas vezes tristes e pesados para que os aceite e não quero (e tento não querer) que me condicionem. Prefiro estar errado e raramente estou, mas masoquista não quero acreditar. É como que eu tenha que fazer sempre o jogo eu-sei-que-tu-sabes-que-eu-não-sei-apesar-de saber.
Começam logo as etiquetas improváveis a aparecer como se fosse nos artigos do supermercado, mas em vez de identificarem os preços das conservas ou cerejas, revelam e fazem confidencias

– tu és deste tipo, tu gostas eu sei de quê, tu escondes aquilo, tu gostas é daquele, tu tens medo, tu não queres admitir, tu vais te deixar ir na conversa, tu és incapaz de mentir, tu levas tudo até ao fim, tu és egoísta, tu és simples, tu és maldosa, tu és um sapo-boi, tu estas com sede, tu estas desatento, tu fazias tudo pelo teu irmão, tu andas a ver se acabas com a namorada, tu achas-me engraçado, tu tens pena dela, tu queres ajudar, tu dizes uma coisa e depois já dizes outra, tu és um amigo com que se pode contar sempre, tu tens um trauma de juventude, tu és incapaz de amar, tu queres vencer na vida a todo o custo, tu só queres ser feliz, tu precisas que alguém te segure, tu estas zangado comigo e não o queres transparecer, tu tens ciúmes, tu és invejosa, tu és um paz de alma, etc.

Quero ignorar, quero tentar esquecer, mas ali aqueles flashes ecoam seguidos como se não se possa desligar aquele ponto. Tento evitar olhar nos olhos aqueles que gosto nem estar muito tempo frente a frente, senão surgem e ressurgem coisas que às vezes preferia não saber.

Irrita-me quando me tentam esconder algo ou dissimular qualquer coisa. Nessas alturas há um sino badalando e uma sirene a apitar. É aborrecido sentir o que me escondem. Surge sempre aquele sentimento de revolta que não é pelo facto escondido em si mas pela forma como se encobre que para mim é evidente. Nas últimas semanas é pior. O fumo dantes entorpecia a vista, mas agora só o álcool e nem sempre.

Requesitei 48 horas de descanso e fui brindado por um tempo radioso de Setembro.

Refugiei-me na casa de Verão e obtive um belo banho de Sol que ainda perdura num clima de calma.

Hoje esteve um tempo único e a companhia não poderia ter sido melhor.

Depois disto só 15 horas de sono seguidas
Ou talvez não …