Outubro 2001

M. escreveu um comentário. Creio que ser assediado pelos seu passado e rever os seus fantasmas abala qualquer um. Bom mas amanhã há farra e isso é que interessa!

Sempre me interessei por explorar estados de consciência alterados mas de preferência sem recurso a tóxicos (preferência). Hoje voltei a carga na busca de estimuladores sensoriais de ondas cerebrais Alfa e encontrei uns mp3 de indução de estado de transe que prometem uma verdadeira viagem da mente.

Necessito agora só talvez uma dream machine ou uns flashers e afins.

Um email que reli passado um tanto tempo:

“o mestre é quem quiseres que seja, a fonte espíritual que te acompanha, que te segue ou que te inspira, podes sê-lo tu inclusive; mais, é conveniente que assim seja, para não seres escravo de ninguém, como aqueles que veneram criaturas invísiveis e se maltratam a si e aos outros em nome delas. Acredito naquilo que vejo e nada
mais, sou forte e nada temo, aliás, lanço o desafio ao poder desses seres ignotos, pois nada mais são do que metáforas.

Não nego, contudo, gostar de uma atmosfera ligada à referenciada arte do mal, o que compreende certas personagens míticas, cenários maravilhosos e artes aprimoradas posteriormente pelo homem, particularmente em certos tipos de música… um bom cemitério, uma tarde chuvosa de outono, o cantar dos corvos numa manhã de nevoeiro, os morcegos numa noite de luar, o uivar dos lobos pela madrugada, enfim, as maravilhas naturais conotadas ao oculto e convencionalmente discriminadas pelas maiorias, excepto por uma classe de elite quase perfeita, na qual me inscrevo.

Não sou fundamentalista, sei reconhecer o que não passa de uma arte, recusar a prática do mal, não sou influenciável por nada e respeito a todos sem excepção, apoiando inclusive os mais desprotegidos das garras da hipocrisia social.”

IN caixa de emails 2000 escrito por B.S.L.

As aparências iludem. É um facto indesmentivel. Algo que o meu avô me disse seriamente, apesar da sua juventude eterna e alegre já nos seus irrequietos 70 e tal anos.

Era um lobo do mar encalhado em terra depois da Marinha o ter dispensado – algo de que nunca se conformou, e que um dia me disse num tom sério que:

o homem é o único animal da criação que acredita em ilusões e que se basta com as aparências.

É um dia triste e patético. Estou aborrecido até dizer basta.

J. e M. telefonaram ontem como se antevessem que eu estava a fazer uma atravessia do deserto. J. faz um drama pior que eu, mas eu sei como ligar com isso.

Mesmo assim quero que se faça Luz neste ceu cinza

Nos últimos tempos apesar do corre-corre tenho observado a realidade com um olhar esfomeado, notando pormenores do quotidiano verdadeiramente irrealistas e ilusórios. A realidade é feita de conjuntos de sonhos irreais!

Quando era mais jovem sempre fui fascinado pelo mundo da fotografia, na tentativa de captar aqueles momentos intemporais. Na última década perdi esse gosto, talvez por descuido ou comodismo.

Com o gosto de F. e da maninha
da fotografia , creio que senti novamente o bichinho e as saudades de apontar uma objectiva como um caçador furtivo.
Ainda me vou por em despesas…

You’ve become so caught up in the race that you may have already forgotten why you’re running. Throw off the opportunist who is riding on your back. If you want to make it to the finish line in front of your competitors, you can’t afford to carry any extra weight. In fact, it might be a good idea for you to stop for breath and let someone else carry the torch for a while, Pisces. You’re the only one who knows how much of this you can endure

roscopes

México

O fim de semana decorreu algo inesperado e acabei por me cansar em demasia.

Como M. estava a recuperar de uma gripe malvada, decidi dar uma saltada até sua casa e acabamos a sexta jogando cartas. Acho que ele já me pegou o bichinho…
E vai daí Sábado foi inicialmente de descanso e tédio de recuperação.

N. convocou-me ao fim da tarde para um campanha de terror que envolvia um restaurante mexicano… Escusado será dizer que meteu em seguida uma ida até ao congestionado cerveja viva, sempre com a companhia da Ju. , da adorável I. e da loirinha Jo. que estavam bem simpáticas.

Sou um pecador pois acabei por não resistir e apanhei boleia da Jo. e da I. até ao talho onde ficamos até horas proibitivas. Claro que Domingo tornou-se uma aventura no sofá tentando recuperar.

E para variar esta segunda vai ser a mais complicada de todas…

Fiquei feliz da maninha telefonar logo pela manhã. É bom ter notícias dela e do cunhado, e isso animou logo o dia …

Mais logo tenho pendular se os funcionários da CP não fizerem greve…

Estafado mas como diz o outro amigo, ainda firme e hirto. O cenário não será o melhor mas dá para os prejuízos…

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Este fim de semana passou depressa como todos os fins de semanas, mas foi muito especial e cheio de supresas. Acho que só foi ensombrado pelo mau acordar de J. que ultimamente tem tido atitudes incompreensíveis que me têm magoado muito.

Custou-me faltar aos anos da minha amiga ex-colorida, mas afinal tinha uma óptima desculpa…

As decisões difíceis que se multiplicam neste início de semana são daquelas etapas e barreiras que as nossas vidas atravessam nos pontos de viragem.

Gosto tomar decisões e estar em controle da minha vida. Algumas raras vezes fui impulsivo, pois como psicótico que sou pondero tudo, mesmo as razões menos lógicas…
Desta vez custou-me chegar a uma conclusão: consumi-me a ponto de hesitar e adiar qualquer decisão.

Odeio-me por isso!

Mas existiam razões de sobra para me desculpar e ser aparentemente fraco – estas envolvem alterações profundas e certamente irreversíveis.

Estou cansado e algo doente.
Mas como Jonas que é engolido pela baleia e levado até onde tinha medo ir, tenho que comprir aquil que me está predestinado.

O casamento da maninha foi óptimo, baptizado por uns chuviscos e saudado por um sol resplendoroso de Outubro.
A noiva estava linda e valeu a pena toda a espera e tormentos que passou. O nó oficializado
Segui de perto o percurso menos os preparativos finais com a minha ausência pendular forçada.

Claro que me perdi num festim culinário divinal, e abusei do néctar de Baco numa ânsia pouco recomendável. Creio que estou mais susceptível em me refugiar no embriagar dos sentidos para fugir aos meus fantasmas.

M. confessou que também passara das marcas e que desde 1997 que não tinha uma ressaca semelhante. Realmente estava a seguir o meu ritmo -e claro – acabamos a madrugada em discursos e diálogosin vino veritas que só são possíveis na irmandade masculina com uma grande carga ou com 1500 horas de psicanálise comprimidas em meia-hora.

A. estava bem disposto , o E. fumou o cachimbo da Paz e Ma.
estava animada. Falei bastante com a Branca de neve e com o Torres, sobre coisas sérias e espero não ter falado demais pois nessa altura estava algo atento aos encantos de uma deliciosa Isabel.
Tal como eu F. sugava cigarro após cigarro e foi brilhante o seu slide show …

nota tenho mesmo que parar senão morro afogado em nicotina e já agora quero algumas fotos da sua autoria!

K. e X. apareceram já para o final, lindas como é hábito, e até dançamos um bocadinho, mas os noivos já se tinham raspado e não cumpriram a promessa de regressar…

Vão continuar a ser felizes juntos, tenho a certeza!…

Hoje sinto-me mole. Como um morto-vivo deambulando por aí.
Sou um zombi sem mestre e estou a sentir na pele a cinza que mora no céu que há muito não é azul.
Quero algo de bom …