Maio 2002

O club “bom garfo de sábado“, tem tido momentos de requinte que ficaram para a história, e está a angariar cada vez mais sócios. Desta vez N. como sócio fundador – titulo que partilha comigo – convidou algumas individualidades importantes – uma espécie de convidados surpresa… para mim.
Nunca imaginaria durante uma tarde refastelado ao Sol, que toda a companhia e folia incluída no pacote iria levar nessa noite

A vida é uma roleta russa. De facto ou há só um clique do percursor ou os nossos miolos ficam espalhados pela parede num espectáculo de som e cor. Ou se passa fome ou se tem uma panela de cozido à portuguesa.
Daí que dos 8 para pato, 3 teriam de ser encontros imediatos de 13º grau com direito a suores frios, arrepios na espinha e tonturas . Não que fosse mau. As circunstâncias é que me fizeram sentir como um bombeiro voluntário a atacar 3 frentes de incêndio ao mesmo tempo

S. é esplendorosa e exuberante mas muito afável. I. é amorosa e delicada. L. é ternurenta e gentil. Eis os ingredientes perfeitos para um cocktail Molotov de emoções que me torturaram.
1/100000 para que se encontrassem é mesma mesa.
E como se não bastasse N. e Dr. P. estavam lhe a dar e arrastaram-me para os estragos… Pior da noite foi quando apesar de estar a dar uma de chefe da corporação de Sapadores de Bombeiros antes de ir para o talho – o Dr. P. saiu-se com a de que “gostava de ti para cunhado” e logo eu, que não tenho irmãs casadoiras!!!…
Bolas… Na minha vida quando chove, é logo dilúvio.

Nos dias que correm é difícil ter ideias.
A nossa sociedade apenas promove uma crítica não construtiva como única forma de pensamento próprio.

É como se toda a minha geração fosse constituída por críticos de cinema algo estereotipados que apenas conhecem os filmes que ganharam os Óscares nos últimos 20 anos.
A cultura geral está baseada na TV e nos Shops, onde se discutem e criticam pessoas e locais antes de debater ideias e/ou aspirações. É o “eu” supérfluo e raramente o “nós” comunidade. Mas não sou muito diferente em última análise: – também eu sou consumista.

Moi memme que falo assim, gosto – quer queira, quer não – de consumir a máquina artificial de sonhos que nos espetaram pelo cérebro dentro, desde tenra infância através da TV. Esquecer aquilo que nos foi incutido desde o berço é como desprogramar a mente.

Basta-me um pouco de pensamento próprio. – Já sou feliz assim! Não vou ser mais feliz ou realizado com um apartamento classe média, um carro classe média, uma mulher classe média, um televisor classe média, amigos classe média, férias classe média, roupas classe média, um DVD classe média, livros classe média… enfim uma vida classe média que no fundo é uma ideia que a publicidade – essa religião da iconografia consumista nos ensinou e nos preparou para a acreditar que seria aquilo que queríamos ter para sermos felizes.

Fomos ensinados a ser medianos-classe média …

Mas hoje já não acredito nisso.

kitten

Está decidido! Uma vez por mês eu e N. faremos vigília na noite de sábado mais animada e envolvente desde que me conheço.

É a desgraça e o total culto religioso a Kitten que hipnotiza todos aqueles cromos, sapos, bichas, tias, betos, modelos, artistas, pseudo-intelectuais, gerentes comerciais, estudantes de Belas Artes, e resmas, resmas de centenas de gajas boas de um gajo se babar todo, mas sem ser um concurso de misses – i.e. dá para passar a mão no pelo…

Kitten vicia levando-nos ao baú de memórias e ao encontro de músicas retro. Apinhado de gente até ao tecto, uma imensa massa humana dança e pula compulsivamente em êxtase.

Foi um dia inspirador, seguindo eu e M. até ao Aeródromo de Vilar de Luz para nos inteirarmos da situação e o Daniel e o Sr. Avelino reforçaram as nossas aspirações. Só espero que A. alinhe.

Jantar a Queimar com N. Dr. P e a L. para aquecer. Depois foi o lar de Kitten. G. estava estranha, mas isso não era de estranhar, ao passo que J. adorou e também se converteu ao Evangelho segundo Kitten. Muitos Gin Tónicos contudo… Só Segunda estava a funcionar direito da maratona do amanhecer.

-Quem está aí? – perguntou o porquinho, cheio de medo.

-É o Júlio Isidro – respondeu o lobo mau.

Voltar de umas curtas férias é sempre mais fácil do que de umas longas. É uma questão de perdermos por completo a noção da Realidade quando ficamos mais de um par de semanas longe do nosso ganha-pão.
Esquecemos de que há uma az
afama inexorável que nos aguarda, a não ser que decidamos virar marinheiros ou monges budistas.

O ideal e só uma semanita ou 10 dias para o Relax, volta à carga depois: as férias pisca-pisca!

Morre-se e ressuscita-se das cinzas como uma Fênix, como no mito grego. Os homens deveriam ser assim. Mas enfim, há sempre um balde de Água Fria, cheio de Realidade pronto a cair sobre nós.

Ainda bem que as fotos mais hardcore não sairam bem!

De facto uma vidinha de Hotel *****, tardes infuntiferas na piscina com um livro fantastico tornaram-me num party animal .

O mano estava bom, e começa a ficar parecido com o Alberto.

Mas eu e N. metemo-nos numa espécie de termas de Baco, tipo não tentem isto em casa pois o que vão ver é feito por PROs com muitos anos e treino e o visionamento suas proezas não é aconselhável a pessoas impressionáveis . e com direito a bolinha vermelha no canto superior direito.

Mas não só de exageros rezam as crónicas e o Heath Club tinha dois clientes assíduos lá por volta das 19.30 a malharem ou a dar umas braçadas na piscina interior.
E claro no Jacuzzi também com direito a suecas e belgas no limite do prazo de validade.

Mesmo assim foram umas ferias de 1ª com tardes frenéticas e noites delirantes e pecaminosas. As manhãs essas não as vimos.

E um grande abraço para a equipa de senhoras de limpeza, pela sua compreensão e apoio.