2002

Parte III- Kitten versão 4 – Bild 62002

A tarde não se mostrava particularmente interessante. Apesar de estar na esplanada da minha praia a conspirar a noite com N. estava letárgico, como naqueles momentos em que se sabe que só se pode esperar.
Encontrei-me com os veteranos sobe o lema da visita do emigrante R..que partiu para a grande cidade. Os velhos senhores, entre os quais M. e J. faziam uma alegre cavaqueira em honra aos caídos como Ma. e cucaman.

Não se poderia prever nem descrever em palavras o que se seguiu. O jantar soberbo no TX só serviu de prenúncio para uma noite mágica e sem regras. I. dançava freneticamente no seu debut no kitten revelando-se a party girl que eu nunca imaginei que fosse. Mesmo quando a “gente gira” dominava o centro dos acontecimentos marcávamos presença aos apelos hipnóticos e revivalistas de kitten.
N. e Jo. renderam-se mutuamente numas tréguas de reconciliação que está a abrir caminho a uma nova empreitada. J. apesar do cansaço, sorria e pulava em êxtase. Dr.P até polvilhou um very-ligth quando já se fazia dia.

As nossas expectativas eram satisfeitas muito para além do recomendável.
De novo Domingo foi comatose total com danos evidentes a nível muscular, pulmonar e cerebral. Ainda tentei apanhar Sol, mas antes do lanche voltava a ressonar com inegáveis mazelas. Mas sem qualquer tipo de remorsos!

Parte II – As vaginas

E a semana passou-se. O dia do desaire nacional só podia pedir por uma boa peça de teatro. Monólogos da Vagina com Guida Maria, no Coliseu do Porto.

Assim no camarote com a I. pude assistir e aplaudir uma peça sobre a descoberta do corpo feminino e de como as próprias mulheres encaram a genisália. Embora o texto fosse americano, não era de todo americanoide – e com uma actriz perfeita para a peça – quer pela forma de ser, quer pela presença em palco. O resultado foi uma das melhores peças intimistas e sociais que já vi.

A feminilidade e simultaneamente o feminismo passam por uma redescoberta sem tabús da vagina. Uma evaginação da mulher num fortalecer da auto-estima do corpo, sem ser redutor da mulher em função do seu corpo. Admiravel!

Depois de nos despedirmos das meninas que tinham que ir estudar, eu e N. tivemos que procurar um restaurante que ainda nos servisse… tinha que ser um espanhol! E com muitas V… A coisas acabaram tarde no café do pretoe no dia seguinte antevia-se kitten no TX, que almejávamos há pelo menos um mês.

A preguiça, o cansaço, o stress – e as doces loucuras tem afastado esta alma penada das suas reflexões. Mesmo assim tento hoje repor alguns fotogramas das últimas semanas.

Parte I – Melros e Afins

O sol não cumpriu a sua promessa e mais uma vez não me pude deliciar de papo para o ar… S.Pedro este ano está um estupor verdadeiramente sádico. Durante a semana transporca-nos com calor insuportável e Sol e ao fim de semana toma lá céu nublado.

Algumas pontas soltas que ensombravam o trabalho quase me tiraram o sono. Eram rajadas de stress injectadas nas veias logo de manhã cedo e cujo efeito durava até as 7, altura em que o meu cérebro preferia jogar ao iô-iô emocional e recusava-se a desferir mais de que um pensamento de 5 kb por hora.

O sofá e a TV eram só um pronuncio para um adormecer rápido a ver uma treta qualquer… !! Take 2 ! Take 3! Take 4! Take 5! Que semana estúpida!

Em raiva o clube “Groumet” foi mudar de ares para o “Solar dos melros” mas não ficou convencido. Mesmo assim a conversa foi aprazível e até profunda. Não muito matcho e bastante sincera. E onde ir depois?

Surpresa das surpresas no TX – uma madrilena arrebentava a escala mostrando que kitten ñ estay solo.-Se Dr.P. não tivesse armado um esquema pouco próprio com umas chavalas, teríamos lá ficado muito para além das 5! E lá tivemos que ir até ao Estado Negro. Pra variar deixou o telemóvel no carro do N.! 

Domingo foi comatose total! Só me levantei quase quando o dia se punha… Felizmente havia o feriado. Conversa de café com M. em apuros com a tubagem (pobre moço). Gasto com os amigos… ou melhor aproveitado.

Escusado será dizer que sexta-feira a festa foi de outro tipo… Decididamente para os portugueses ”aficionados” foi um dia negro. Mas mais negra é a palhaçada e o mau perder que me embaraça como português…
Afinal no desporto é preciso fair play, algo que o povinho português não consegue assimilar. Os jogadores jogaram mal, o treinador teve falhas e pior que tudo as expectativas eram demasiado altas.

Depois há a cisma do bode expiatório atribuindo as culpas a alguém em particular…
Como diriam certos velhos do Restelo – ”é por essas e por outras que este pais não vai para a frente”…

Muqueca

Verdade seja dita que os meus ossos hoje estão meios partidos, e que a minha cabeça parece que vai estourar, ao estilo de estar a dar um concerto de uma banda chamada “Acidente genético” ou “Thor’s metal” com o meu craneo como palco.

Aquilo que nuestros ermanos chamam, e bem, «rota del bacalau» é uma armadilha a que é difícil resistir. Durante a semana dá-se no duro mas ao fim-de-semana é uma festa pegada. E depois o corpo é que paga!

Para piorar as coisas 4ª à noite – véspera de feriado – deu mens drink night acabando eu e o Dr. P. a deambular nos piores buracos nocturnos da cidade. Sexta-feira foi dia de repasto no Oxalá com muqueca de gambas na companhia de N, que também se recente de chatices no trabalho. N. raramente é um inconformado mas estava triste e fora de si. Creio que se tomou conta da primeira experiência de injustiça laboral. Algo que eu tive uma grande escola no Passado, para dar e vender, e até para fazer um compendio, ou um anexo de actualização ao “Príncipe” de Maquiavel. Até vi Chi. para recordar isso.

Mesmo assim deu para passar uns momentos com M. J, e A. na galhofa. E no Trivial! 🙂
Escusado será dizer que sábado, apesar da boa companhia não estava capaz de animar para uma noitada, nem às custas de estimulação eléctrica

Agora, a porra do aumento do IVA está a transformar em correria e barafunda o exército de retardatários que querem fazer as ultimas “comprinhas” antes da cartuchada dos 2% extra…

O club “bom garfo de sábado“, tem tido momentos de requinte que ficaram para a história, e está a angariar cada vez mais sócios. Desta vez N. como sócio fundador – titulo que partilha comigo – convidou algumas individualidades importantes – uma espécie de convidados surpresa… para mim.
Nunca imaginaria durante uma tarde refastelado ao Sol, que toda a companhia e folia incluída no pacote iria levar nessa noite

A vida é uma roleta russa. De facto ou há só um clique do percursor ou os nossos miolos ficam espalhados pela parede num espectáculo de som e cor. Ou se passa fome ou se tem uma panela de cozido à portuguesa.
Daí que dos 8 para pato, 3 teriam de ser encontros imediatos de 13º grau com direito a suores frios, arrepios na espinha e tonturas . Não que fosse mau. As circunstâncias é que me fizeram sentir como um bombeiro voluntário a atacar 3 frentes de incêndio ao mesmo tempo

S. é esplendorosa e exuberante mas muito afável. I. é amorosa e delicada. L. é ternurenta e gentil. Eis os ingredientes perfeitos para um cocktail Molotov de emoções que me torturaram.
1/100000 para que se encontrassem é mesma mesa.
E como se não bastasse N. e Dr. P. estavam lhe a dar e arrastaram-me para os estragos… Pior da noite foi quando apesar de estar a dar uma de chefe da corporação de Sapadores de Bombeiros antes de ir para o talho – o Dr. P. saiu-se com a de que “gostava de ti para cunhado” e logo eu, que não tenho irmãs casadoiras!!!…
Bolas… Na minha vida quando chove, é logo dilúvio.

Nos dias que correm é difícil ter ideias.
A nossa sociedade apenas promove uma crítica não construtiva como única forma de pensamento próprio.

É como se toda a minha geração fosse constituída por críticos de cinema algo estereotipados que apenas conhecem os filmes que ganharam os Óscares nos últimos 20 anos.
A cultura geral está baseada na TV e nos Shops, onde se discutem e criticam pessoas e locais antes de debater ideias e/ou aspirações. É o “eu” supérfluo e raramente o “nós” comunidade. Mas não sou muito diferente em última análise: – também eu sou consumista.

Moi memme que falo assim, gosto – quer queira, quer não – de consumir a máquina artificial de sonhos que nos espetaram pelo cérebro dentro, desde tenra infância através da TV. Esquecer aquilo que nos foi incutido desde o berço é como desprogramar a mente.

Basta-me um pouco de pensamento próprio. – Já sou feliz assim! Não vou ser mais feliz ou realizado com um apartamento classe média, um carro classe média, uma mulher classe média, um televisor classe média, amigos classe média, férias classe média, roupas classe média, um DVD classe média, livros classe média… enfim uma vida classe média que no fundo é uma ideia que a publicidade – essa religião da iconografia consumista nos ensinou e nos preparou para a acreditar que seria aquilo que queríamos ter para sermos felizes.

Fomos ensinados a ser medianos-classe média …

Mas hoje já não acredito nisso.

kitten

Está decidido! Uma vez por mês eu e N. faremos vigília na noite de sábado mais animada e envolvente desde que me conheço.

É a desgraça e o total culto religioso a Kitten que hipnotiza todos aqueles cromos, sapos, bichas, tias, betos, modelos, artistas, pseudo-intelectuais, gerentes comerciais, estudantes de Belas Artes, e resmas, resmas de centenas de gajas boas de um gajo se babar todo, mas sem ser um concurso de misses – i.e. dá para passar a mão no pelo…

Kitten vicia levando-nos ao baú de memórias e ao encontro de músicas retro. Apinhado de gente até ao tecto, uma imensa massa humana dança e pula compulsivamente em êxtase.

Foi um dia inspirador, seguindo eu e M. até ao Aeródromo de Vilar de Luz para nos inteirarmos da situação e o Daniel e o Sr. Avelino reforçaram as nossas aspirações. Só espero que A. alinhe.

Jantar a Queimar com N. Dr. P e a L. para aquecer. Depois foi o lar de Kitten. G. estava estranha, mas isso não era de estranhar, ao passo que J. adorou e também se converteu ao Evangelho segundo Kitten. Muitos Gin Tónicos contudo… Só Segunda estava a funcionar direito da maratona do amanhecer.

-Quem está aí? – perguntou o porquinho, cheio de medo.

-É o Júlio Isidro – respondeu o lobo mau.

Voltar de umas curtas férias é sempre mais fácil do que de umas longas. É uma questão de perdermos por completo a noção da Realidade quando ficamos mais de um par de semanas longe do nosso ganha-pão.
Esquecemos de que há uma az
afama inexorável que nos aguarda, a não ser que decidamos virar marinheiros ou monges budistas.

O ideal e só uma semanita ou 10 dias para o Relax, volta à carga depois: as férias pisca-pisca!

Morre-se e ressuscita-se das cinzas como uma Fênix, como no mito grego. Os homens deveriam ser assim. Mas enfim, há sempre um balde de Água Fria, cheio de Realidade pronto a cair sobre nós.

Ainda bem que as fotos mais hardcore não sairam bem!

De facto uma vidinha de Hotel *****, tardes infuntiferas na piscina com um livro fantastico tornaram-me num party animal .

O mano estava bom, e começa a ficar parecido com o Alberto.

Mas eu e N. metemo-nos numa espécie de termas de Baco, tipo não tentem isto em casa pois o que vão ver é feito por PROs com muitos anos e treino e o visionamento suas proezas não é aconselhável a pessoas impressionáveis . e com direito a bolinha vermelha no canto superior direito.

Mas não só de exageros rezam as crónicas e o Heath Club tinha dois clientes assíduos lá por volta das 19.30 a malharem ou a dar umas braçadas na piscina interior.
E claro no Jacuzzi também com direito a suecas e belgas no limite do prazo de validade.

Mesmo assim foram umas ferias de 1ª com tardes frenéticas e noites delirantes e pecaminosas. As manhãs essas não as vimos.

E um grande abraço para a equipa de senhoras de limpeza, pela sua compreensão e apoio.

Até ao Funchal

Escapadelas… Num AirBus 320

Hoje rendez-vous nas Vespas após uma poncha de laranja na Ribeira Brava.

Yessssssssssssssssssss


G.
sempre,
mais que nunca.

Que preguiça! Sol e calor e desperta em mim uma faceta algo alentejana ou cearense que há muito tempo não tinha o direito de desfrutar.

É muita fruta e reconheço que estou algo cansado. Não me posso dividir em mil frentes de batalha e em milhões de escaramuças, que vão desde o campo profissional, com questões familiares, passando pelos meus hobbies, amizades e social life e questões amorosas.

Nestes dias a minha vida é como um acordeão ou gaita-de-foles, que emitem sons contínuos sem interrupções. Preciso de um período de retiro para recuperar folêgo, armazenar energias, e cuspir na cara do Tempo, da Pressa, e da Rotina.

É como pontapear e esmurrar a cara à Morte e sentir os seus dentes quebrarem, rangendo de dor.
Quase apetece gritar:


– NÃO ME VENCERÁS MORTE-
– JÁ UMA VEZ ME ABRAÇASTE –
– E SENTI OS TEUS LEVES LÁBIOS –
– ÉS AGORA A MULHER FATAL QUE JÁ DESFRUTEI E QUE PERDEU A GRAÇA –
– RIO-ME NA TUA CARA DOCE MORTE-

Não, ainda não morri

Muitos afazeres e muito pouco tempo para poder teclar frente ao monitor.
Mas volto...
Volto sempre 🙂

Terça-feira suicida

Estudos comprovam que os indivíduos que habitualmente se entregam à Febre de Sábado à noite padecem frequentemente de depressões profundas na terça-feira como ressaca emotiva da euforia e outros desacatos desse género efectuados no Sábado à noite .

A terça-feira torna-se pois um tempo de vazio e de desequilibro como o pêndulo da emotividade a chegar ao outro oposto, como um enorme embolo metálico vindo em nossa direcção. As coisas que há 72 horas eram exultantes tornam-se insuportáveis…

Já sofri do síndroma da Terça-feira suicida, mas hoje consigo iludir a causa-efeito associada. Eles que venham, os exageros e luxúrias típicas de Sábado, não os temem depois. Um pouco de genica, uma boa dose de auto-estima básica, equilíbrio e disciplina mental e de preferência , um bom livro e nada de tv, música qb, mas de preferência algo animado sem muita gritaria. Até pode ser Hip hop, desde que bom. Quando muito uma aspirina e suar numa bicicleta a tentar queimar aquelas calorias extras do fim-de-semana.

Simples não é?