Abril 2003

Questionamo-nos sempre sobre os nossos actos. Um sentimento judaico-cristão incutido socialmente, onde a moral e os bons costumes se tornam a base da nossa cultura e civilização.
São conceitos básicos, que tomamos como princípios morais, mas que no fundo fazem parte de um conjunto de crenças religiosas se os autopsiarmos cientificamente.

Os remorsos, a esmola, a partilha, não fazem parte do homem com espécie animal, nem como indivíduo, mas sim como ser que se socializou e como tem que viver em comunidade tem que respeitar um padrão de condutas, senão essa comunidade não é funcional.
Os 10 mandamentos de Moisés, hermeticamente assimilados na Arca da Aliança são um sustentáculo de normas rígidas inflexíveis sem as quais não existiria a sociedade tal como o temos hoje. Escusado será dizer que matar é mau, tratar mal os pais é mau, por os cornos ao vizinho é mau, roubar é mau, mentir é mau, invejar os bens do vizinho é mau. Isso é uma base de comportamento social numa comunidade pacifica.

Mas a degeneração destes princípios simples que todos poderíamos aceitar para viver, sem violência animalesca, foram o longo de milhares de anos revistos e aumentados de forma a reduzir o nosso libre arbítrio.
Espartilham a consciência de forma a condicionar a nossa individualidade. Que bases tem as normativas da maior parte das religiões para catalogarem a Soberba, Avareza, Luxúria, Ira, Gula, Inveja e Preguiça como pecados? Interissincamente todo homem e mulher padece desses ditos males, e porque carga de água não gostaria eu de ser independente (Soberba), ter ambição (Avareza), ter sexo (luxúria), capacidade de me revoltar (Ira), gostar de um bom jantar (Gula) , desejar igualdade na repartição da riqueza ( Inveja) , ir de férias (Preguiça)???
Estarei a pecar? Não terei remorsos? Vou arder no Inferno?
Temos esses dados adquiridos, incutidos como pecados que nos devemos abstrair de fazer… uma vez que assim não seremos tão dependentes da sociedade comunal e por analogia da religião.
O mais estranho é que manifestamente, J.C. esse grande revolucionário, que mete no bolso, qualquer Che, apenas nos terá ditado um único mandamento:

Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Com edições revistas e aumentadas dos seus ensinamentos, ao longo da Historia conseguiram muitas exagetas a soldo dos ”regimes” recuperar as tais normas socializantes e pseudo-moralisadoras, lendo em entre-linhas inexistentes, e incutindo nos analfabetos leituras que nunca existiram no Novo Testamento, ele próprio recortado e censurado nos temas mais picantes ou incómodos. Assim foi construída a nossa consciência civilizacional, moral e ética, baseada em costumes restritivos e normas de conduta: os pecados…
No Sábado, num jantar pantagruélico que se prolongou por cinco horas em casa de C., com demasiadas garrafas de tinto, rapidamente questionamo-nos se pecar, ou ser socialmente conveniente não seriam opostos. E decidimos que realmente éramos pecadores, ou pelo menos não éramos pessoas-carneiros.
Depois estava demasiadamente ofuscado mentalmente e foi ao Kitten @ Triplex, numa multidão esmagadora. Prometi a mim mesmo que não voltava a repetir a façanha… Afinal era um autentico pecado

É certo que a minha vivência deve parecer algo fútil ou demasiado relaxada para quem lê estes episódios psicóticos. Vulgarmente apenas o uso para desbobinar muitas frames, e takes de uma montagem estranha, de um documentário ainda mais estranho. Quase psicótico.

Se pensar bem, a realização é descontraída e quase vanguardista. Provavelmente o director de fotografia escolheu ângulos estranhos e segue a nova escola de câmaras em permanente movimento, ferindo a vista e enjoando ao assistência da como nos filmes do Lars Von Trier.

Mas o mais funesto é sem dúvida o argumento, baseado numa má adaptação e dum ponto de abordagem temático ziguezaguente, que está a transformar este documentário num intrincado conjunto de imagens amontoadas e desconexas.

Tal como a minha vida.

Hoje estou completamente exausto e o meu cérebro está a queixar-se veementemente. O meu estado e estilo de vida desde Fevereiro não é compatível com o meu emprego, nem com o meu corpo. Estou cansado e não vejo meio de as coisas mostrarem sinais de abrandamento.

As mazelas encontram-se por todo lado e apesar de eu estar a apostar numa dose de tortura diária de 30 minutos de grande intensidade na minha máquina de andas-mas-não-sais-do-sítio para recuperar a forma física.

Mas o problema não é o esforço, mas sim o efeito cavalo de corrida: uma vez deixando de trotar e começando a galopar, não se para. Vai-se em frente a toda a bolina.

Na semana passada N. bateu com o carro às 9 AM depois de nos termos despedido de mais uma noite que acabou no talho antigo. Os remorsos e ao mesmo tempo a sorte que teve de não ser abordado para bufar no balão, confundiram bastante as ideias de N. Acho que a operação Dead or Glory @ Vera Cruz promete. Pelo menos o Dr.P. continua a fazer directas e a atender os clientes no consultório sem ir à cama, após uma noite bem bebida. Como as minhas pilhas Duracell estão a ficar gastas talvez seja altura de pensr em comprar uma dessas recarreveis a ver se acompanho a pedalada…

Eram os anos da C. e tivemos um jantarzinho animado, mas demasiado frugal no Artes em Partes. A seguir fomos ao Triplex e mais uma vez prendi-me e perdi-me com a S. que mais uma vez me deixou de quatro, só me faltando uivar. Não consigo resistir aquele olhar, nem à poderosa excentricidade e fascinante personalidade de S. Creio que tudo mais não existe quando falamos.
No meio da confusão até deu para rever a G. e falar com o DJ Kitten, sempre simpático.

Felizmente, ou talvez infelizmente N. e C. lá me convenceram que era tarde e deixamos o Triplex. Fui imbecil em ir, pois seguiu-se a desgraça do costume até depois amanhecer, com C. a gritar-me perguntas desconfortáveis ao ouvido, que eu tentei esquivar-me gesticulando que não percebia, devido ao volume sonoro do talho. Muito inteligente sem dúvida…

Sábado foi a vez de I. e fomos jantar fora. Mais uma vez, eu, de forma muito coerente e inteligente, me deixei arrastar para longas conversas de lutos, típicos temas de conversa de moscas-mortas, e simultaneamente acompanhados de seduções ambíguas e flirt. Apesar da intimidade, um certo melódrama.

Estou em crer que as mulheres da minha geração, e que agora estão disponíveis, estão a passar por momentos de crise. Em geral há sempre um terrível nó naquelas cabecinhas, cheias de ansiedade, desalento por histórias de contos de fadas que correram mal, príncipes encantados que fugiram ou que se revelaram o verdadeiro lobo mau. Estou algo farto de ouvir estas histórias que apenas mudam de personagens, mas com o mesmo tipo de papeis.
É um erro de uma geração que está sempre a carpir o passado. Por isso eu gosto de ser um homem sem passado. Apenas vivendo o presente. Jantar e noitada anteontem, ontem, amanhã. Triplex hoje e amanhã? Talvez tenha mesmo que procurar outras gerações…

Antevejo um fim de semana brutal, ao estilo cavalo-de-corrida-bofes-de-fora, com uma noite do Clube Kitten @ Triplex sábado, e possivelmente uma secção de malabarismo a três bolas. Assim não me vou divertir muito… Estou perdido.
Talvez apenas apanhar um pifo monumental que me sirva de desculpa cobarde e adolescente.

Estou também perdido financeiramente. O meu Nokia afirma que durante os últimos trinta dias, somente 8:12:34 de Duração de todas as cham. .


Como diz N. “-Muito bom! Muito bom! Muito bom!

Iraque não é o Texas. Bagdade não é o Álamo: a estratégia da Águia Imperial

Then we’ll carve up the city into areas that can be isolated and systematically reduced. We’ll use psychological ops and humanitarian relief to try to separate the civilians from the combatants. We will seek local assistance and even try to build local resistance.

And then we’ll move forward, sometimes block by block, searching, clearing, and holding what we have ? or sometimes striking rapidly with armoured vehicles to take out key centres of resistance. We’ll helicopter assault teams to the tops of buildings, or race through gutters and tunnels to the next key position. We’ll rotate the troops, rest and resupply. And we’ll hope the Iraqis are foolish enough to come to us and expose themselves to our superior firepower.

Too much has been made of America’s unwillingness to accept US military casualties. No army wants to lose its frontline fighters. But for us, the aversion to losses is a strength, for we take care, use our heads and protect our force because that’s not only better for the troops, but because it’s a more effective way to fight. And there’s no shortage of courage and daring among the American troops, when it comes to that. Baghdad is going to be taken.

First, he will delay: the longer the fight, the more potent the Iraqi defence will appear. Second, he will seek to inflict casualties on the coalition, for the more casualties the Iraqi forces can inflict, the greater the Iraqi claim for a moral victory; and finally, the more civilian casualties and destruction he can cause us to create, the more hard feelings we’ll create in Iraq and elsewhere, and the better the chances for Saddam and the Baathists to gain support from outside and to retain a covert grip on Iraqis afterwards. Saddam may be seeking an Iraqi battle of the Alamo.

So as we fight to take Baghdad, we will be thinking not only of military success, but also the speed, friendly losses and civilian casualties and destruction of the battles. These considerations will involve difficult trade-offs.

As for Saddam, he’ll be doing the same calculus, aiming for the opposite results. He is a wily opponent and should not be underestimated. He will attempt to secure his own survival and play for the geopolitical long term: Islamist rejection of the Crusaders. But we see his strategy and believe we know how to defeat it. Iraq isn’t Texas.

General Clark was Supreme Allied Commander Europe 1997-2000 and led Nato forces during the Kosovo campaign

M. esse mestre, finalmente baptizou o seu lar na grande cidade com o sugestivo nome de Acampamento dos Lellos. M. e a graciosa K. estão a morar na mesma casa, como se trata-se de um realojamento do ninho familiar sem progenitores.
Mas ser-se Lello tem dessas coisas. Adaptar-se a novos ambientes, mesmo que isso se resuma a ter que partilhar com a sua irmã uma toca já escavada a custo, e em troca receber companhia e carinhos. Fico a agurdar o último episódio d´O acampamento dos Lellos.
Presumo que M. não me receba tão cedo, e muito menos me encaminhe para outros voos, que já há demasiado tempo estão marcados.

Mas o tempo de ser Lello não ajuda.
E todos os Lello são poetas.
Poetas com alma.

marado

Até agora descobri e espreitei 3 blogs portugueses. Um com direito a .COM e tudo, o www.psicotico.com, escrito, ao que me parece por um gajo do Porto, meio marado e que de vez em quando espreito. A conversa parece-me arrastar-se demasiado para a night-life do autor, com muitos nomes de miudas identificados por insinuantes e resumidas vogais e consoantes. Nada mau para ele.

Obrigado, presidente Bush

Obrigado, grande líder George W. Bush.

Obrigado por mostrar a todos o perigo que Saddam Hussein representa. Talvez muitos de nós tivéssemos esquecido de que ele utilizou armas químicas contra seu povo, contra os curdos, contra os iranianos. Hussein é um ditador sanguinário, uma das mais claras expressões do mal hoje.

Entretanto essa não é a única razão pela qual estou lhe agradecendo. Nos dois primeiros meses de 2003, o sr. foi capaz de mostrar muitas coisas importantes ao mundo, e por isso merece minha gratidão. Assim, recordando um poema que aprendi na infância, quero lhe dizer obrigado.

Obrigado por mostrar a todos que o povo turco e seu Parlamento não estão à venda, nem por 26 bilhões de dólares.

Obrigado por revelar ao mundo o gigantesco abismo que existe entre a decisão dos governantes e os desejos do povo. Por deixar claro que tanto José María Aznar como Tony Blair não dão a mínima importância e não têm nenhum respeito pelos votos que receberam. Aznar é capaz de ignorar que 90% dos espanhóis estão contra a guerra, e Blair não se importa com a maior manifestação pública na Inglaterra nestes 30 anos mais recentes.

Obrigado porque sua perseverança forçou Blair a ir ao Parlamento com um dossiê falsificado, escrito por um estudante há dez anos, e apresentar isso como “provas contundentes recolhidas pelo serviço secreto britânico”.

Obrigado por fazer com que Colin Powell se expusesse ao ridículo, mostrando ao Conselho de Segurança da ONU algumas fotos que, uma semana depois, foram publicamente contestadas por Hans Blix, o inspetor responsável pelo desarmamento do Iraque.

Obrigado porque sua posição fez com que o ministro de Relações Exteriores da França, sr. Dominique de Villepin, em seu discurso contra a guerra, tivesse a honra de ser aplaudido no plenário, honra que, pelo que eu saiba, só tinha acontecido uma vez na história da ONU, por ocasião de um discurso de Nelson Mandela.

Obrigado porque, graças aos seus esforços pela guerra, pela primeira vez as nações árabes, geralmente divididas, foram unânimes em condenar uma invasão, durante encontro no Cairo.

Obrigado porque, graças à sua retórica afirmando que “a ONU tem uma chance de mostrar sua relevância”, mesmo países mais relutantes terminaram tomando posição contra um ataque.

Obrigado por sua política exterior ter feito o ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, declarar em pleno século 21 que “uma guerra pode ter justificativas morais” e, ao declarar isso, perder toda a credibilidade.

Obrigado por tentar dividir uma Europa que luta pela sua unificação; isso foi um alerta que não será ignorado.

Obrigado por ter conseguido o que poucos conseguiram neste século: unir milhões de pessoas, em todos os continentes, lutando pela mesma idéia, embora essa idéia seja oposta à sua.

Obrigado por nos fazer de novo sentir que, mesmo que nossas palavras não sejam ouvidas, elas pelo menos são pronunciadas, e isso nos dará mais força no futuro.

Obrigado por nos ignorar, por marginalizar todos aqueles que tomaram uma atitude contra sua decisão, pois é dos excluídos o futuro da Terra.

Obrigado porque, sem o sr., não teríamos conhecido nossa capacidade de mobilização. Talvez ela não sirva para nada no presente, mas será útil mais adiante.

Agora que os tambores da guerra parecem soar de maneira irreversível, quero fazer minhas as palavras de um antigo rei europeu a um invasor: “Que sua manhã seja linda, que o sol brilhe nas armaduras de seus soldados, porque durante a tarde eu o derrotarei”.

Obrigado por permitir a todos nós, um exército de anônimos que passeiam pelas ruas tentando parar um processo já em marcha, tomarmos conhecimento do que é a sensação de impotência, aprendermos a lidar com ela e a transformá-la.
Portanto, aproveite sua manhã e o que ela ainda pode trazer de glória.
Obrigado porque não nos escutastes e não nos levaste a sério. Pois saiba que nós o escutamos e não esqueceremos suas palavras.

Obrigado, grande líder George W. Bush.

Muito obrigado.

O escritor Paulo Coelho