feliz

O gostinho da vida, passa pelas pequenas surpresas que se nos deparam ao virar de cada esquina. Sexta era já palco de um main event do ano, com um delicioso jantar à vista do Minho. Naturalmente perdemos as estribeiras num sufoco em que se enterra sem remorço uma semana árdua de trabalho. Um repasto soberbo que justificou a longa quilometragem.

Mas como o destino nos era favorável nada como a vibrante surpresa que nos esperava: DJ Kitten fazia a sua aparição por aquelas bandas!
Agradecidos a tão grande benesse e capricho do destino, pusemos o pé no acelerador para desfrutar a máximo esta feliz coincidência, muito para lá do que a prudência seria capaz de permitir. Uma noite mesmo memorável e irrepetivel, vibrante apesar de algumas brancas…

Pior que ser acossado de um intenso fervilhar de acções não executadas, na apatia de uma certa preguiça social, é ver os nossos pequenos passatempos da vida a fugirem-nos por entre os dedos.

Aprecio a calma e o retiro em dosagens controladas, desde que dê para escutar o meu pensamento, fugindo àquele barulho do dia-a-dia que não nos deixa ouvir a voz que há em nós. É no silêncio que a velocidade do nosso pensamento flui naturalmente, sem barreiras e ruídos abstraindo-se da azáfama e encontrando a passagem entre corpo e alma.

Um dos passatempos que me foge pelos dedos são os preciosos passeios de bicicleta ao entardecer, num misto trajecto de todo-terreno enlameado e um giro pelo calçadão da terrinha. Infelizmente a minha velha companheira azul ficou temporariamente manca, quando a corrente deixou de correr e se partiu. Onde vou arranjar um garagista agora?

Casa sem Internet, sem televisão, apenas eu, os meus livros e os meus botões.

Estou envolvido num ar de Atlântico. É estranho como as praias do norte são tão assustadoramente frias, e como sou um felizardo. Não me vejo obrigado a comprar um ar condicionado para conseguir dormir nesta vaga de calor, bastando-me viver pacatamente na minha praia.
Enquanto lá no interior existe a visão ardente de Dante, estou imune, chegando mesmo a estar envolvido num nevoeiro e bruma que se poderiam denominar sebastiánicos.
Um dia ele irromperá no meio das rochas envoltas em névoa e vai tomar um fino ao Manel:

-Está um calor na mouraria! Chiça! Estou mesmo com sede! Com quem joga o Porto?

O paquiderme e a menina dos meus olhos

Após um dia de monitorização, com o insuflar regular a cada quinze minutos de uma manga azul no meu braço esquerdo, estou com a boa disposição e calma de um paquiderme ferido e com o discernimento e capacidade de raciocínio de uma lêndea.
Acredito que a privação do sono é uma das mais poderosas formas de pressão e tortura, capaz de eliminar qualquer vontade e auto-estima.

Felizmente nem tudo são más disposições ou carência de moral. Recebi a excelente notícia, que a menina dos meus olhos, a D. tem a possibilidade de ressurgir do limbo, sair do coma da inexistência a que tinha sido condenada. Como lhe dediquei tanto tempo, tanto empenho com algum desinteresse, espero que ela ressurja, plena dos princípios que teve antes de ser corrompida por um cancro nefasto. A sua libertação só pode ser possível às custas do muito desejado enterro final do Passado já há muito agonizante.

O Rei está morto! Viva o Rei!

Seria com certeza o sítio mais inusitado para observar uma avozinha indigente. Estavamos ainda meio ressacados, algo contrariados por uma sexta-feira extenuante e algo insípida. Propus uma ida até Cascais, apanhar algum Sol naquele lugarejo finório, onde nas primeiras fases da minha adolescência me divertir a valer, como só um adolescente imberbe seria capaz.

A inaptidão de poucas horas de sono não abonavam a favor da nossa boa disposição e estava sempre presente um pouco de humor negro a pairar no ar, de diálogos cortados e sem grande lógica. Apenas piadas descoordenadas e algo patéticas que nos faziam rir. Arranjar um restaurantezito para almoçar foi meio complicado, e os nossos óculos de Sol escondiam umas olheiras mais ou menos antipáticas. E ali, mesmo enfrente à amostra de marina, refastelados à mesa enquanto comíamos qualquer coisa sem grande prazer, reparei na velhinha negra, de luto e de caruma ou sujidade.
Aquela imagem bateu-me forte, como sempre as imagens dos alienados sociais. Não por pena, não por esses sentimentos patéticos de desprezo, nojo, ou misericórdia. Fico apenas sentimentalista ao imaginar que aquele ser humano, agora uma imagem esfarrapada, foi algures no tempo e no espaço, alguém capaz de ter um raciocínio lógico e talvez de se expressar e conviver como eu. Mas algures na viagem, ouve um trajecto errado, um atalho perigoso, um desnorte momentâneo que levou a uma espécie de beco sem saída em que se passou a residir.

Na cara as rugas encavalitadas escondiam uma percepção da idade da anciã, que apesar de magra e de movimentos lentos, não aparentava a agonia dolorosa de tantos idosos. Apenas o negrume da sujidade transformava a sua pele, como se fosse um mineiro de carvão coberta de uma folijem de grafite. Adormecia junto aos sempre presentes sacos plásticos, um depositório de bens, um conjunto de sacos de pertences de quem tem o céu como tecto.
Nas suas mãos afagava uma pombinha, ainda mais magra e coberta de negritude quase mais nauseabunda, mostrando um carinho enternecedor por aquela decrépita ave.
Era uma vez uma velhinha e a sua pomba, e pareciam felizes.

Nada. Não me apetece fazer absolutamente nada. Como se estivesse a tomar uma boa dosagem de Prozac para ficar pacato e preguiçoso. Castrado. Mas não estou a químicos, estou apenas a ressacar das diferenças de andamento e velocidade quotidianas. Espero demasiado das pequenas peripécias do momento, ainda sobre o vício da aventura constante e da adrenalina do desconhecido.

Apesar deste ócio auto-inflingido, da tentativa de descanso físico, esta minha vivência plena de contradições, bate continuamente em teclas desgarradas do navegar com terra a vista. Existem pelo menos dez itens mentais de atitudes e acções urgentes e banais que quero efectuar o mais rapidamente possível. São coisas triviais na sua maioria, mas outras são importantes degraus que se sobem na existência, passos fulcrais da vida. Falta-me contudo aquele fogo de executar a tarefa, de planear o acto, que infelizmente nunca me caracterizou. Por isso estou em conflito entre essa apatia indesejada e a vontade de romper as linhas inimigas para ganhar finalmente esta batalha prolongada.

Temo antes demais, que o argumentista desmiolado da minha parca vivência, tenha ficado sem imaginação, reduzido a um aborrecido writers block.
É verdade que desde o inicio deste ano, esse escritor tem-me dado um papel exigente, cheio de cenas rigorosas e tem aperfeiçoado constantemente a minha personagem a ponto de as minhas interpretações melhorarem sensivelmente. Sucederam-se cenas melodramáticas, grandes voltes de face do enredo, grandes momentos cénicos. Será que este argumentista será capaz de manter o seu estilo e manter todo o suspense deste romance policial francês? Ou será que vai entrar num cómodo e medíocre alongamento da estória, para lá de uma banalidade interminável como a horrenda novela do “Anjo Selvagem“?

Prefiro que esta crónica tenha um final à vista, do que se prolongue sem o clímax que se os últimos episódios tiveram.

Não percam as cenas dos próximos capítulos…

Na semana passada vi finalmente andorinhas a esvoaçar. Nada como essas simples aves para simbolizarem uma nova etapa do retorno anual, da sucessão das estação. As andorinhas são para mim o mais perfeito dos arautos de que a Primavera tomou com força o seu lugar e que vai florir e expandir-se em vida nova em breve.

Todos aqueles voos rápidos e picados, serpenteando em mil direcções, com voos rasantes e abrutos, mostram toda a energia, alegria e ânsia com que a nova renovação anual da vida se faz sentir. Ao observar esses seres tão frágeis, tão felizes, com um piar tão agitado e suave, faz-me sentir uma calma e esperança profundas. Fiquei feliz.

Pois é!
Muita poeira ainda está por assentar, as asneiras ainda de refletem, as pieguices ainda me perseguem, encontros, desencontros, dúvidas e destinos, mas ao menos já sinto que posso vir a voar.

Felizmente no dia 30 estarei de novo no LUX para assistir ao desfilar de mais uma noite mágica de excessos e prazeres musicais para lá do que uma alma consegue resistir. Nada como uma festa como o Club Kitten @ LUX para descarrilar sem freios.
Irei com N. esse fiel companheiro de desgraças, e vamos encontrar S. e C. que regressarão de férias. Isso antevê algumas confusões e esquemas a permeio que vão tirar alguma da piada. Dissabores ou seduções? Resta-me procurar diagnoticar em mim uma comatose ou sanidade sóbria nesse percurso para sobreviver a essa pequena tortura. Tudo depende.
Afinal de contas é o meu DJ Kitten e eu falhei o mês passado: NO STRESS que esta vida são três dias.

4 – Breve consideração sobre peregrinações

Hoje acredito cada vez mais na necessidade da nossa cultura ocidental ter alguma forma de escape. Uma das mais em voga nas últimas décadas traduz-se no chamado Turismo, no viajar para destinos longínquos onde a grande maioria dos locais que possam parecer familiares, pura e simplesmente não existem.

Talvez a nossa rotina não seja assim tão infernal, nem o nosso lugarejo seja assim tão desinteressante.
Contudo lá longe (seja lá onde for desde que seja muito longe) existe o Efeito Peregrinação, uma diaspora, onde os nossos laços e raízes são decepados temporariamente, e toda a nossa existência se pode resumir a preocupações perfeitamente mundanas, ao estilo de “onde se vai jantar hoje”, ou “amanha podíamos ir visitar aquilo”. Gostos, cheiros, odores e cores novas violam o nosso cérebro, e turbinam a mente para um estado de consciência alterado, onde o tempo não tem que ser contado ao minuto, nem existe o perigo de sermos triturados pelas máquinas centrípetas da vida nas grandes cidades. Coexistimos e tentamos sobreviver na urbe, numa sociedade de formigueiros de Q.I. elaborados, onde subsiste a ilusão que a nossa individualidade é superior às directivas comportamentais da colónia “humana”. Mas em peregrinação, a urbe está distante e a formiguinha volta a ser um ser com capacidade decisória e em total independência em relação à ditadura do formigueiro.

Mas ao lado dessa perfeita inutilidade e futilidade das férias, o efeito peregrinação dá-nos um entendimento muitas vezes não consciente de que a nossa vida poderia ser muito diferente sem grande esforço. Como se numa viagem tomássemos finalmente conhecimento de que seriamos capazes de mudar e ser algo ou alguém distinto, enfrentando com prazer e sucesso uma aventura completamente desigual, um novo desafio para o qual não estávamos preparados, mas que podemos finalizar com toda a satizfação e resultados brilhantes. Como se fossemos um actor e nos dessem um papel completamente diferente para a mão, e a peça com data de estreia para hoje a noite. O interessante é que provavelmente seria a nossa melhor interpretação de sempre, com direito a ovação de pé de um público rendido ao nosso génio.
Mudar de papel na peça da vida, ou levar a cabo um jornada que nos ilumina de certa forma, não é totalmente imperioso para que sejamos mais felizes, mas pelo menos ajuda.

Parte V – Start your engines

Apesar de estar absolutamente derreado, consigo mesmo assim manter o bom humor. Felizmente que a ideia de viajar, apesar de não ser uma obsessão, está a dar algum alento. Este fim de semana de Páscoa saldou-se por um absoluto nó na cabeça às custas de encontros de última hora. Estou frágil demais para avaliar com frieza se todos foram bons, óptimos ou algo semelhante ao Titanic. São mesmo muitas frentes e o envolvimento do inimigo promete romper as minhas linhas.

A Oeste nada de novo, mas na frente Leste dá-se uma batalha sangrenta. Parece que é aí que se pode ganhar a guerra… mas também perder a guerra. Tem é que se aguentar as posições, até todas as divisões de reserva serem para aí transportadas. Só espero que a estratégia resulte, e que não seja uma carnificina, nem que hajam ataques supresa na frente Oeste ou Sul.

Fora estas tácticas, estou decentemente ensonado. Realmente estou cansado, e para cumulo o sono não vem com facilidade. Acho que se só tirasse férias em Maio ia mesmo queimar um fusível. Mas ontem surgiu-me uma dúvidade de uma mente nada lúcida. E se eu fosse só depois de resolver a frente Leste? Creio que fraquejo. Não posso!

Noites em que eu queimei o resto dos meus neurónios

Parte I – Algumas providências cautelares

Foi durante a noite que nasci, foi durante a noite que renasci, e sempre foi durante a noite que me reconheço. Quem me conhece sabe que sempre fui capaz de estar desperto uma noite inteira, muito embora pouco depois, pelo raiar da madrugada e da luz dos primeiros raios de Sol, o espirito fica feliz mas adormece.

Estas últimas noites de fim de semana foram longas e estranhas. Porém muito reveladoras. Foram embebidas em revisões e revivalismos, longos jantares, mas felizmente pouco álcool (ou bem menos do que é costume). S. apesar de trabalhar depois de jantar quis estar comigo, cúmplice.

Justamente porque a vida quase nunca nos oferece nada de bandeja, é vulgar desconfiar de certos presentes. Não que estes possam ser envenenados, mas sim porque como já diz o ditado: “Quando a esmola é muita, o pobre desconfia“. S. seduz, mas não se deixa seduzir facilmente. É como uma selva africana: pode ser explorada, mas nunca domada, senão morre.

Posso estar baralhado e confuso. I. mostra sinais ambíguos, como se num momento quisesse que eu lhe fizesse a corte, como noutro mostrando-se enfastiada. Não necessito desses jogos imberbes de sedução. Não neste momento. Não na minha falta de discernimento actual.

Por isso deixo as portas abertas. Mesmo que a sensibilidade de C. mostre o seu desalento e ciúme. Nada me pode agrilhoar, neste momento. Não o posso deixar. Não posso me dar a esse luxo, mesmo que tenha que sofrer perdas graves. Por isso a minha solução é uma providência cautelar, um time out providencial neste momento.

As malas têm que ser feitas para os 17 dias e noites em que em que eu queimei o resto dos meus neurónios.

A contagem decrescente começou.

É difícil manter a serenidade ou o equilíbrio quando se está perante situações limites ou pelo menos não esperadas. Infelizmente é essa a minha história durante as últimas semanas, que já se acumulam em meses. Dir-se-ia que estava predestinado a ser um fim de Inverno e inicio de Primavera fulgurante e quase cruel para mim.

Tenho de facto perdido a calma e só às custas de algum auto-controle que me resta e de algumas horas de reflexão semanais é possível não ansiar por um Xanax ou um Prozac como forma de acalmar os ânimos. É difícil ser solicitado e solicitar alguém que se gosta, sem que as emoções sejam levadas ao extremo. Mas mais difícil é fazer isso em três frentes, sem saber para qual o nosso interesse vai com mais fulgor.

Mas mais difícil ainda é tentar não cair nas artimanhas do jogo, tentando ganhar tempo para ver para que lado pende o coração e as ideias. Fazer assim um malabarismo muito ao estilo de triplo-salto-mortal sem rede, nunca foi a minha maneira de ser.
Tento jogar limpo e fazer contorcionismos extremos para que nenhuma das três bolas caia ao chão, mas a tarefa é cada vez mais complicada, e sei no fundo que me arrisco a deixar cair as três bolas sem agarrar nenhuma.

Mas o mais difícil de tudo é não pensar nas três, é não tremer quando o telemóvel toca, é imaginar uma agenda algo pesada aos fins-de-semana, que acaba invariavelmente numa ou em duas noites de euforia, com uma pesada divida e cenas de ciúmes no dia seguinte.

Por isso abraço com grande satisfação a ideia que vou conseguir fugir por uns dias rumo à terra da Vera Cruz, só que infelizmente não me parece que consiga manter as bolas no ar até lá.

Estou baralhado e a minha mão está a ficar sem trunfos. Não me lembro se o Ás de copas já saiu e estou com o terno e a manilha de copas… e é a minha vez de jogar!

Nunca ninguém nos prometeu nada que perdurasse para sempre. Se o fizeram, apenas estavam a assumir com boa vontade ou com alguma motivação enganadora ou ilusão. Uma das constantes da vida é que nada é imutável. Nem mesmo as rochas, as memórias, os deuses e nem mesmo a velocidade do tempo de acordo com novas teorias da física. As mudanças ocorrem, mais cedo ou mais tarde, ao seu passo, ao seu ritmo. Inexoravelmente a metamorfose voluntária ou involuntária, cobre tudo com seu manto.

Muitas dessas mutações são lentas, levando por pequenas etapas, quase imperceptíveis, quase milimétricas, mas que acumuladas são mutações profundas e gritantes. As mudanças nem sempre são evolutivas ou benéficas. As mutações podem gerar da crisálida a borboleta ou podem gerar um Godzilla.

Como dois continentes que colidem, muitas vezes a pressão e atrito das placas teutónicas não se liberta para formar cordilheiras sumptuosas, ou largar suas energias formando novas ilhas e mostrando-se em pequenos abalos sísmicos. Essa dinâmica das mutações, por razões que a razão desconhece, provoca terramotos devastadores e vulcões à espera de entrarem em erupção em explosões arrasadoras.

Podemos durante muito tempo ignorar as fumarolas e os tremores, pensando que são meios naturais que a Terra tem para lidar com as suas mutações e as forças internas contrárias, de forma positiva: podemos até pensar que é uma fase passageira e que a energia libertada é a resolução do problema em sí. Está a libertar pressão, a mexer-se sem partir. O problema é quando esses sinais não são sinónimo da libertação passageira mas sim prenuncio da catástrofe vingativa vinda do interior da terra que se acumula.

Pensei que todos aqueles abalos eram benesses e que afinal estava mais perto da borboleta. Mas na crisálida apenas cresce um Godzilla, para meu desgosto. Para meu e de todos que do fundo do coração queriam ver uma borboleta feliz na primavera prometida e não um Godzilla num pesadelo apocalíptico japonês, que passo após passo, destrói tudo que o cerca, até quando nada mais tiver para destruir.

Saltar o ano, não é propriamente um acto feliz em si. Geralmente fazem-se algumas contabilidades, e coloca-se na balança tudo que se abateu de positivo e negativo nas nossas vidas e por vezes o fiel da balança pode tender para o lado que não gostamos tanto.
Mas mais que pesar o ano, e uma altura de selar arquivos e meter um ponto final em muitos imbróglios que nos perseguiram durante os últimos 365 dias. Acho que eu prefiro usar sempre a mentalidade de que cada ano é uma nova etapa da nossa vida e que usamos o marco das 23:59:59 de 31/12 para fazer um pulo mental, e enterrar tristezas passadas. Passado é passado, agora é só para a frente, rumo ao futuro.
Este método de arrancar a folha do calendário e o queimar totalmente ajuda a nossa higiene mental. Nada de ser carpideira choramingona com toda a sujidade levantada, e sem olhar para trás pensar antes na rota a seguir no novo calendário.

Mas antes de acabar em grande 2002, o ano de todas as capicuas, nada melhor que uma ida até a triste Vigo, que apesar de pesarosa, revoltada e irada, empunhando o “Nunca Mais” por tudo que é canto. M. estava na grande cidade e não deu para atender à nossa escapadela não programada, com o A. e J..
Mas havia algumas coisas mudadas, em especial o mítico Hostal Categoria, que estava fechado para remodelação(?!?!). Fez-me bem levar um último banho do ano, muito embora J. se tenha furtado à noitada. Coisas de iô-iô… É pena saber que J. está a perder o Norte e não quer ver a bússola. A. já veterano nestas andanças é que me acompanhou. Depois foi uma injecção de Senhor dos Anéis de rajada que soube pela vida.

E 31 lá fui rever o lello-mor à grande cidade para uma passagem de ano singela, mas marcante.

Pouca-terra, Pouca-terra, Pouca-terra… Cantanhede !

De um grupo restrito de íntimos, a um grupo alargado de gente conhecida, é impressionante a quantidade de gente que se a andar do emprego, ou esta a ponderar o assunto com muita insistência. Parece que a decadente frase: despeça-se já tem agora um novo sentido. A minha geração está cansada de promessas que nÃo se concretizaram, e pelo que parece nÃo tem medo de mandar tudo para a ”pindábia” e para os cardos. Não há que ter medo de procurar algo melhor e não ficar preso como um molusco a um emprego irracional ou insuportável. Vejam M. Mana, Mano (bom neste caso é um exemplo infeliz, pois é um caso mais crônico), I., J., N., R. Jo., Di., B., P, e mais uma data de malta.

Talvez os sonhos não tenham sido concretizados, talvez as mentiras tenham sido muitas, talvez as ilusões tenham caído por terra. Mas há um espirito combativo nesta gente. Não são perdedores, nem são escravos das suas ambições, ou forçados do gulag. Apenas não querem mergulhar num pesadelo kafkiano de terem de passar o resto das suas miseráveis vidas enterrados numa secretária bafienta ou algo parecido. Nada de caixões.

Eu próprio não me cansei de mandar tudo para os cardos. Nunca se sabe o que nos espera no futuro, e ninguém me vai dizer que será impossível eu estar no Nepal ou nas ilhas Fidji daqui a 5 anos.
Afinal é só uma questão de tomates. E há quem os tenha, e quem os queira ter…

Olá!
Cá estou eu a dar um ar da minha (des)graça!

A única constante da vida é a mudança….
Nada mais verdadeiro, nada menos real….

Pois embora a monotonia nos esmague e nos mate pouco a pouco, a verdade é que a tudo nos podemos habituar e a tudo nos podemos conformar….

Felizmente há quem tenha o único hábito de viver.
Plenamente e com sentido!
Na mudança, um das expressões da Liberdade.

Apesar de estar com vários dias …erh … blogs de atraso que vou recuperar em breve, não podia deixar passar esta efeméride de natal que também é aniversário de M.

E lembra-te:

Life’s a bitch and then you die

não é verdade!

Continuando

De nós os homens de barba rija, muito se pode dizer.
Bem ou mal….
Muito objectivamente, tantas vezes ficamos absortos no combate, com moinhos de vento ou gigantes adamastores, que nos esquecemos da beleza do mundo.
Universo.
Uma partícula de areia em praia infinita.

E quando, quase por distracção ou engano, fugindo do rame-rame do dia-a-dia decidimos procurar a beleza do Mundo, demasiadas vezes caímos em dois sítios:
No nosso umbigo
Ou
No umbigo de Doce Dulcineia.
Ás vezes, num segundo. Momento. Partícula de areia nessa nossa praia infinita;
Ás vezes sonhamos e sentimos e vivemos e somos felizes, momentos de partilha e Amor.
Apesar de parecer tantas vezes o contrário!

E não sou mestre!
E não somos mestres!
Somos todos aprendizes, voando em asas de papagaio de papel…
Ou seja avaliando bem….

Dom Q

Fiquei feliz da maninha telefonar logo pela manhã. É bom ter notícias dela e do cunhado, e isso animou logo o dia …

Mais logo tenho pendular se os funcionários da CP não fizerem greve…

Ontem B. e Ch. estiveram a jantar com os residentes. Foram dezenas de costeletas no repasto.
Bob babou-se… E. e Ma. entram no seu primeiro mês e parecem muito felizes. O pior foi a insónia que me visitou.
A grande cidade nem sabe…