futuro

Há dez anos atrás a inteligência artificial era algo ainda do campo da ficção científica. Hoje porém a IA já faz deepfakes com dois cliques do rato.

É então estamos pensar que provavelmente metade dos conteúdos introduzidos diariamente na internet são produzidos com uma mínima intervenção humana. O ChatGPT por exemplo na sua actual versão gratuita é capaz de mimetizar textos complexos como se tratassem de autores famosos graças a um par de frases curtas de comando. Assim estás linhas que agora escrevo seriam quase impossíveis de distinguir entre o que eu teclo ou o que um programa estatístico é capaz de debitar.

Estamos numa época de mudança. Atualmente a inteligência artificial está já desenvolvida o suficientemente para apresentar textos que dificilmente se distinguem dos textos escritos por um humano. E isso com o acesso a essas ferramentas de escrita de uma forma simples, acessível e já massificada através de serviços como o ChatGPT ou o Bard. 

Assusta-me por isso que talvez num futuro próximo a criatividade da escrita humana se possa reduzir a uma mera série de comandos de meia dúzia de palavras que serão o suficiente em teoria para reescrever uns novos Lusíadas em 15 segundos.  Será que o leitor notará qualquer diferença sobre a alma do autor? Talvez não. Porém creio que o perigo está na normalização da temática. No fundo neste momento a inteligência artificial se resume a compilar enormes quantidades de textos e estimar qual o texto mais apropriado para responder.

É preciso compreender que inteligências artificiais não estão de facto a criar. Quando muito estão a remixar temas e conceitos e não a buscar nada de novo. Estão a compilar os resultados de uma pesquisa, recorrendo a uma colossal memória de sequencias de palavras e apresentando-as de uma forma que o algoritmo estipulou.

Por isso não há nada de novo no horizonte. Há tão só uma poluição absurda, um débito obsceno de textos publicados, ou talvez melhor dizendo, vomitados na Internet por esses robots. Vi numa notícia que se estimava, se a memória não me engana que 90% dos textos publicados online no corrente ano não foram digitados ou ditados num computador, mas sim fabricados por intermédio de um destes robots.

Nada existira de sentimento nesta escrita, a poesia será por o derradeiro um fingimento literal baseado no nada e tão só de sequências estatísticas e probabilidades.  A alma da prosa inverosímil deixa de existir, passando a haver textos plastificados, uma espécie de literatura junk texts. Vamos provavelmente viver numa globalização artificial do pensamento, em que o algoritmo utilizado nas IA trouxe para a mediania toda a leitura e pensamento.  E eu qual dinossauro excelentíssimo, escrevendo palavras ao vento como um D. Quixote.

Começa um novo ano e voltam as promessas de uma nova forma de estar na vida. Contabilizam-se sucessos ou fracassos dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias e lançam-se objectivos pouco claros baseados em sonhos íntimos.

A experiência diz-me que nenhum ou quase nenhum desses sonhos objectivados se concretizara, mas mesmo assim sinto a necessidade de colocar essa atitude derrotista para trás e olhar em frente, imaginar novos horizontes que estão ao virar da esquina prontos para serem concretizados. E se o passado nos ensina algo, deveria ensinar que cruzar os braços tem sempre uma consequência expectável que é um incontrolável nada.

No sentido de parametrizar cientificamente os meus objectivos de 2019 será importante escreve-los, consubstancia-los em palavras escritas e não serem apenas pensamentos desconexos empilhados de forma desordenada. Torna-os mais eficientes e simbólicos das minhas necessidades como ser humano, homem e pai e filho. Independentemente da minha idade, das minhas convicções e do meu grau de motivação é urgente priorizar e definir aquilo que eu quero e desejo materializar para o ano corrente. A parte mais difícil é encontrar nessas listas as dificuldades que se deparam logo à partida e encontrar itens que a primeira vista parecem ter obstáculos impossíveis de superar. Eu que sempre tive uma matriz mais pessimista de encarar os obstáculos sofro e sofrerei de um síndrome de desmotivação que me mergulha num mar de preguiça e procriastinação quase incontornável.

Este ano quero encarar toda esta época deprimente de uma forma mais produtiva e realista: as grandes metas não se alcançam sem passar por metas intermédias. Como a celebre frase atribuída a Mao – Uma viagem de mil milhas começa por um passo – e é exactamente nesse passo ou passos que devo focar a atenção e vontade de superação. Começar a caminhar e não focar nas mil milhas que faltam, mas sim nos passos para a jornada diária que deveria conseguir caminhar hoje, para que num futuro próximo essa distância quase irrealizável seja atingida. Se hoje fizer um milha, amanhã estou mais perto do que hoje para atingir esse sucesso que desejo. Um marco de cada vez, passo a passo com mil pequenas vitórias rumo ao sonho que afinal não era impossível, mas que exigia trabalho e perseverança.

E é neste pensamento de encarar o copo como meio cheio e não meio vazio que se enche gota a gota que devo focar o meu animo e vontade. Afinal Roma e Pavia não se fizeram num dia.

Já faz um bom par de anos que acalento a ideia de fazer o Caminho de Santiago.  É um pequeno sonho que se avoluma como uma peregrinação necessária a realizar antes que as rótulas se desgastam de vez para tal empreitada de caminhante.

Gostaria particularmente de partilhar com os meus bons amigos, o que julgo ser uns nove dias de introspecção mas também de descoberta e até de alegria pela liberdade que o caminho proporciona. Não é apenas um acto de fé e espiritualidade e quase um chamado por atender, um cimentar dos alicerces da Vida, uma busca do significado das coisas intimas. A vida é um caminho e o Caminho de Santiago será também um marco da vida que é quero abraçar.

Porém há para já duas dificuldades a vencer: as contingências do estatuto de pai de crianças pequenas não me permite para já esses nove dias egoístas, talvez em parte porque não aguentaria de saudades, nem me sentiria bem sabendo que perdia mais de uma semana da infância tenra dos meus rebentos; e conseguir convencer alguém a acompanhar-me nesta empreitada sem data marcada. O primeiro obstáculo o tempo resolve, mas o segundo só o meu poder de persuasão e argumentação me poderão ajudar. Talvez o M. e o M. sejam capazes de fazer esta prece comigo dentre de uns quantos anos…

Que a estrada se abra à sua frente.
Que o vento sopre levemente às suas costas.
Que o sol brilhe morno e suave em sua face.
Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo,
que Deus lhe guarde na palma de suas mãos.

Prece irlandesa

Ausente, sofro por mil tormentos que não mereço, ou que não tenho direito de sofrer. É tempo de tentar uma réstia de esperança, ou pelo menos tentar colar os múltiplos estilhaços e inúmeros cacos em que se estilhaçou o meu futuro. Apenas quero um perdão e a chance de recontruir a edificação que ficou abalada.

2 – Na corda bamba

um receio que se vai vencer

Tenho que aprender a não sucumbir com alguma facilidade à pressões e sentir-me como se estivesse numa corda-bamba que abana, perdendo o equilíbrio que me sustenta à vida.

Culpo-me por não ter essa experiência, essa capacidade de me equilibrar quando o vento sopra mais forte e temendo a queda, forçando movimentos mais bruscos e perigosos de pânico, movidos a uma estupidez irreflectida.

Num futuro próximo vou com mais confiança e certeza, ignorar o abismo que se estende debaixo do arame, seguindo pé ante pé, sem pestanejar, seguro que nenhum vento, seja qual for a sua intensidade, não me fará precipitar numa queda fatal.

Uma vez perguntaram a Confúcio:

– O que o surpreende mais na humanidade ?
Confúcio respondeu:
– Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro
e depois perdem o dinheiro para recuperá-la.
– Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal
forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
E concluiu:
– Vivam como se nunca fossem morrer e morram como se não tivessem
vivido…”

( Confúcio – China: 551 AC – 479 AC )

A minha querida maninha fez anos ontem e estive na festinha da comemoração do seu quarto de século.
É uma data linda e vejo que lentamente que a sua casa esta mais plena e cheia de energia positiva junro com o seu futuro. Estavam lá E. Ma., El. Dudu, F. K.e X., notando-se a ausência de A. Lua e tambor também foram os alvos da atenção e cobiça… 🙂

Parabénsssssss

A manhã está bonita e a grande cidade parece renovada. O dia está calmo e estou repousado e rejuvenescido. Capaz de enfrentar mais adversidades.

A minha irmã está mais calma e a sua vida parece que se está a endireitar e as minhas perspectivas de futuro começam-se a delinear com uns contornos mais definidos. Um dia com esperança